São Marcos está no epicentro de uma das piores crises já vivenciadas pelo Corpo de Bombeiros no Estado. A cidade de 21 mil habitantes, localizada na Serra Gaúcha, pode ficar sem atendimento local da corporação até o dia 31 de julho. As ocorrências no município estão sob a responsabilidade dos bombeiros de Vacaria, distante cerca de 80 quilômetros – ou uma hora de viagem.
Se um incêndio ocorrer em São Marcos, não existe tempo hábil para o deslocamento rápido das equipes da cidade vizinha. Em média, cinco minutos de chamas já são suficientes para destruir uma moradia de madeira, por exemplo. O fechamento do quartel se deve ao corte de horas extras, que impede a manutenção das atividades. A unidade para às 2h desta quinta-feira e só deve reabrir no dia 1º de agosto. O comandante da corporação na Serra, tenente-coronel Cléber Valinodo Pereira, confirma a decisão:
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– O fechamento permanece até o dia 31 de julho, a menos que tenha um aporte das horas extras devidas. O comando da Brigada Militar repassou uma cota 45% menor em relação ao mês anterior. Vamos nos reunir na sexta-feira para tentar solucionar. Não acredito que tenha relação com o desmembramento da Brigada Militar.
Em São Marcos, está garantido apenas o serviço administrativo, executado pelo 1º sargento César Seyffert, que responde pela unidade. Ele trabalha no local na parte da tarde. Um dos colegas entrou em férias e outros oitos soldados foram dispensados até o final do mês. A cidade tem dois caminhões de bombeiros e motoristas pagos pela prefeitura.
Em caso de ocorrência, dois bombeiros de Vacaria se deslocam de carro para lá, onde embarcam em um caminhão guiado por um servidor do Executivo. Esse funcionário ficará de prontidão para receber os telefonemas de emergência na unidade.
Flores da Cunha enfrenta drama semelhante
É a primeira vez que São Marcos fica sem o atendimento local da corporação. Em média, a unidade cobre cinco ocorrências de incêndio e outras 10 de acidentes por mês. Em junho, o quartel só não fechou porque o Comando Regional enviou servidores de outros quartéis.
Drama semelhante enfrenta o município de Flores da Cunha, que conta com o apoio de Caxias do Sul desde domingo. Na terça-feira, somente um servidor trabalhava para atender às ligações. Vacaria também corria o risco de fechar até o final do mês por causa da falta de horas extras. De acordo com o comandante dos bombeiros da cidade, o 1º sargento Luciano Maier Rodrigues, a verba acabou sendo liberada.
Assim, o quartel segue aberto, mas com a responsabilidade de guarnecer São Marcos. A destinação de R$ 52 milhões em recursos para horas extras do novo pacote de segurança anunciado recentemente pelo governo do Estado ainda não foi definida, o que deve ocorrer até o final do mês conforme a previsão da Secretaria de Segurança Pública.