Há alguns anos, a tapioca deixou de ser um alimento restrito a alguns Estados e começou a conquistar espaço nas prateleiras dos supermercados. Extraído da fécula da mandioca, o item passou a fazer parte das dietas, em razão das poucas calorias. Mas será que o pacote comprado é de qualidade?
Uma análise feita pela Associação de Consumidores Proteste mostrou que não, nem toda marca está cumprindo as regras. Nove marcas de farinhas prontas de tapioca foram examinadas e cinco reprovaram no teste. Entre os problemas encontrados, o mais sério diz respeito à bactérias presentes na farinha.
As marcas Cisbra e Taeq ganharam a nota mínima da Proteste. Isso porque o teste revelou que as duas apresentaram bactérias acima das quantidades permitidas, o que, segundo a entidade, pode causar intoxicação alimentar. Em nota, a Taeq diz que "cumpre rigorosamente as normas em vigor para todos os seus produtos sob a ótica das leis que regem a produção e a oferta de alimentos. Em relação a avaliação da Proteste, a marca informa que a Tapioca Taeq atende a todos os requisitos de higiene, estando o produto de acordo com os parâmetros microbiológicos legais, exigidos pela RDC 12 de 02/01/2001 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária".
Segundo o documento enviado pela Cisbra, "a amostra de tapioca analisada pela Proteste foi fabricada em novembro de 2015, e pode ter sofrido influência de má armazenagem em depósito ou até mesmo na gondola do ponto de venda, além claro de alguma falha pontual de processo".
– Há atualmente duas normas para diferentes grupos de alimentos, como a tapioca, por exemplo, que são contraditórias em alguns aspectos como higiene. Encaminhamos os resultados à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)e fizemos um pedido para que a agência tome providências para que a norma inclua parâmetros de identidade e qualidade desse produtos – explica Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Proteste.
Teve marca que se passou no sódio. A Akio foi a campeã da tapioca com esse ingrediente que, em excesso, pode causar ou agravar problemas como hipertensão e acidente vascular cerebral. No exame feito pela Proteste, a cada 100g da farinha de tapioca dessa marca, havia 36,7mg de sódio, três vezes mais do que a marcada com ficou com o segundo lugar.
De acordo com a nota enviada pela empresa, "a análise publicada pela revista Proteste de 36mg de sódio representa 0,036 gramas e menos de 1% de sódio baseado em uma dieta de 2.000 kcal ou 8.400 kJ. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que um consumo saudável de sódio é de 2.000 mg ou 2 gramas por dia. Sendo assim o produto não pode ser considerado impróprio para consumo uma vez que expõe com clareza seu teor de nutrientes e é pobre em sódio".
Segundo a nutricionista Rochele Rossi, que é pesquisadora do Instituto Tecnológico de Alimentos para Saúde da Unisinos, a farinha de tapioca já tem, naturalmente, cerca de 4mm de sódio. Além disso, o produto não é muito úmido, ele tem baixo potencial para desenvolver problema microbiológicos.
– Se as marcas quisessem, nem precisariam incluir sódio como conservante. Não é obrigatório – disse.
Taeq, Cisbra, Pantanal e Chinezinho não passaram em outro teste, o que analisou os dados contidos nas embalagens. As quatro marcas não informam um dado importante para quem quer preparar uma receita de tapioca: o produto está pronto para consumo ou é semipronto?
Em nota, a empresa Pantanal esclareceu que "estamos felizes e honrados em ser uma das quatro marcas aprovadas no teste realizado pela Proteste. (...) fomos citados como não satisfatório apenas no quesito rotulagem onde concordamos que não estava claro a informação que a massa é pronta para fazer a tapioca. Gostaríamos de informar que desde o começo deste ano já alteramos a embalagem e efetuamos a correção, porém o lote da embalagem que foi para o teste ainda não havia esta alteração na escrita".
Apenas duas marcas receberam nota máxima
Paraibinha e Da Terrinha receberam cinco estrelas na avaliação feita pela Proteste. Ainda que cinco marcas tenham ido mal em alguns quesitos do teste, em um item todas empataram em primeiro lugar. Tapioca não pode ter glúten e, além de ser um alimento pouco calórico, é muito procurada por não ter esse item na composição, principalmente pelos celíacos. Todas as marcas se saíram bem nesse ponto.
Até o fechamento desta matéria, a marca Chinezinho não havia respondido às solicitações enviadas pela reportagem.