A caminhada que relembra neste sábado o primeiro ano da morte da estudante Ana Clara Adami, 11 anos, não se resume apenas a uma homenagem ou a um ato pela paz. A mobilização no bairro Pio X também mostra que o assassinato da criança não se trata de caso isolado. Muita gente tem lembranças de outras vidas perdidas em assaltos nos últimos anos e da insegurança que persiste na comunidade.
– As famílias, os moradores, todos têm muito mais preocupação em cuidar dos filhos desde a morte da Ana Clara. Mas se percebe que a estrutura como um todo, que deveria nos dar segurança, não mudou nada – diz o pároco do Pio X, padre Izidoro Bigolin.
Leia mais:
Principal suspeito de assassinar menina Ana Clara, em Caxias, está morto
Pais de Ana Clara desabafam sobre morte da menina em Caxias do Sul
Investigação conclui que tiro acidental matou menina Ana Clara
A principal hipótese da Polícia Civil é de que Ana Clara foi morta durante um assalto cometido por Gedson Pires Braga, o Cavernoso, 24 anos. A criança levou um tiro nas costas quando seguia com uma amiga para a catequese no bairro Pio X, no dia 16 de julho do ano passado. Braga não roubou nada. Um mês depois, ele foi executado a tiros no bairro Euzébio Beltrão de Queiróz numa disputa envolvendo grupos de traficantes.
Os pais de Ana Clara acreditam na tese de roubo frustrado e questionam por que um homem com passagens na polícia estava solto. A família contratou um advogado para levantar o histórico de Braga.
– Tenho certeza de que foi um assalto, mas jamais vamos saber o real motivo para ele (Braga) ter atirado. A sociedade precisa saber os motivos de estar livre – desabafa Márcia Elisa Adami, mãe de Ana Clara.
A caminhada une a paróquia do Pio X e a do bairro Santa Catarina. A concentração começa às 16h30min, na Rua Moreira César, em frente à Secretaria Municipal de Trânsito, Transporte e Mobilidade. Dali, o grupo segue em direção à igreja do Pio X, na Rua Marcos Moreschi, onde será celebrada a missa em memória ao primeiro ano da morte da criança.
A união das paróquias tem um motivo especial: Ana Clara frequentava a catequese do Pio X, onde residia com seus pais, mas grande parte da família dela vive na comunidade da Linha 40, que integra a paróquia do Santa Catarina. Os organizadores pedem aos participantes que vistam camisetas brancas.