Se o ambiente do Centro de Eventos dos Pavilhões da Festa da Uva é envolvido por compras e degustação de produtos ofertados pelos expositores, há um espaço pertinho dali em que o típico filó italiano rola solto. É na Vila dos Distritos onde o gringo se sente em casa, e o turista que desconhece os costumes do povo daqui consegue enxergar a alma da Serra Gaúcha. Em pesquisa interna, o espaço foi eleito como o mais visitado e com melhor nota entre as atrações, garante o diretor de planejamento Gentil Raymundo Carraro, que não revela detalhes das estatísticas. No entanto, a quantidade de polenta vendida ao longo de 13 dias de festa ilustra esse sucesso: na última terça, quatro toneladas de polenta brustolada já haviam sido servidas. Até o fim da semana, a meta é comercializar seis toneladas.
- É que eles acrescentam amor e dedicação ao trabalho, e isto faz toda a diferença -avalia Carraro.
São onze distritos representados em pelo menos 30 trabalhadores. Há espaço para gastronomia, para tirar fotos, dançar música típica e participar de jogos de época. Os moradores do interior esbanjam disposição e conquistam de uma forma despretenciosa quem chega por ali servindo uma lasca de polenta, convidando para ensaiar algum passo de dança, oferecendo seu sotaque nas boas-vindas. Maria Bortolanza, 72 anos, é uma das encarregadas de saudar a quem chega. Enquanto mostra a arte da dressa - tranças de palha - logo na entrada do Pavilhão 2, comercializa chapéus de palha com custo médio de R$ 30 e distribui sua simpatia a quem chega. Dona Maria é de Forqueta e testemunha o sucesso do espaço:
- O movimento aqui está muito bom.
A moradora de Forqueta é apenas uma das tantas envolvidas com o vilarejo. Há a réplica de um moinho de grãos, uma ferraria cuidada por um grupo de Vila Oliva, um espaço que lida com madeira, um palco com shows de artistas locais que também jogam o tradicional jogo da mora.
Quatro toneladas de sabor e satisfação
Ao sentar-se em uma das mesas decoradas com toalhas xadrez, a pedida por um prato típico é obrigatória. As quatro toneladas de polenta servidas dão o tom do tamanho do trabalho que os moradores do interior têm ao produzir comida para tanta gente. O Kit Polenta, servido em um prato plástico com queijo e salame, consagra-se como o sucesso gastronômico desta edição. Ele custa R$ 10 e é uma ótima opção para lanche rápido ou até mesmo como jantar.
- Pra mim, é a melhor parte da Festa da Uva. Ela acontece de verdade no meio dessa gente do interior. Hoje, por exemplo, vim pra cá pensando na polenta - brinca a professora aposentada Ilva Boniatti, de Caxias.
Quem cuida do preparo da polenta são moradores de todos os distritos - mas há um rodízio para não sobrecarregá-los, já que o processo de elaboração exige que cheguem diariamente até três horas mais cedo. Um dos responsáveis é o subprefeito de Forqueta, Velocino Uez, que avalia o trabalho como gratificante. Vinho doce, chimia, pão quentinho e outros saborosos produtos podem ser adquiridos pela turma da colônia, como se intitulam - que deixará os Pavilhões com gostinho de saudade.
- O que escutamos do público nos deixa orgulhoso. O trabalho é pesado, suamos muito fazendo a polenta na chapa, mas nossa intenção não é ter lucro, mas sim, agradar o visitante. E acho que estamos - diz, satisfeito.