A chuva desta sexta-feira pode ter impedido as procissões tradicionais da Igreja Católica em Caxias do Sul, mas não diminuiu a fé dos cristãos, que encheram as igrejas para celebrar a Sexta-feira Santa e reviver, com apresentações ou em reflexão, o caminho percorrido por Jesus até sua crucificação.
Na Catedral, por exemplo, todos os bancos lotaram e muitas pessoas acompanharam a missa em pé, junto aos corredores. Já as comunidades dos bairros Desvio Rizzo e do Serrano, que todos os anos mobilizam milhares de pessoas com encenação e procissões, transferiram as atividades para o interior das igrejas, que também ficaram cheias.
Na Paróquia Menino Deus, no Serrano, antes do início da missa, os atores ajustavam os últimos detalhes do figurino e conversavam em clima de descontração. Há dois meses, o grupo reuniu pessoas das comunidades de Iracema, Santo Antônio, Jardim Eldorado e Serrano para ensaiar os passos da Via-Sacra.
O caminhoneiro aposentado Jaime Rech, 58 anos, responsável por representar Jesus, estava emocionado antes mesmo da encenação. Ele desempenha o papel desde 1982. Com os olhos marejados, descreveu a importância da data.
- Saber que Jesus passou por esse sofrimento, que morreu por nós, faz com que a emoção tome conta da gente, e a cada edição, fique mais forte.
Entre os participantes estava o agricultor Nadil Lidoni, 58, que frequenta o grupo de teatro Sempre Amigos há mais de 30 anos.
- É muito gratificante poder transmitir coisas boas para as outras pessoas - resumiu.
Já o estudante Vauber Ribeiro, 16, encarou o desafio pela primeira vez e aguardava ansioso para entrar na igreja representando o apóstolo João.
- É uma alegria muito grande poder demonstrar para as pessoas um momento tão especial para todos os cristãos - contou o jovem.
A emoção dos atores tocou o público. Na quarta estação da Via-Sacra, quando Jesus se encontra com Maria, muitas pessoas precisaram enxugar as lágrimas.
A dona de casa Veronica Kopiolski, 62, frequenta a paróquia há 28 anos, e lamentou que a chuva tenha impedido a procissão. Enquanto isso, a doméstica Clair Silva da Rosa, 43, que assistia à encenação pela primeira vez, ficou impressionada:
- Estou achando lindo e muito emocionante, muito bem trabalhada a peça, os atores estão chorando de verdade, vou me programar para vir sempre - planeja.