"Por favor, uma trégua. Estou quebrando! Já foram 12 assaltos. Na primeira semana de 2016, foram duas vezes, sendo a primeira à mão armada. Me poupem! Obrigado!".
Esse é o recado pendurado na porta da fruteira Parada das Frutas, na Avenida Benjamin Custódio de Oliveira, no bairro Charqueadas, em Caxias do Sul. Medo, insegurança e prejuízos constantes motivaram a iniciativa dos comerciantes, que já começaram 2016 com dois assaltos.
Com a crise econômica, o movimento menor no verão e os gastos para consertar os estragos e repor mercadorias roubadas, a situação é delicada.
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A dona do estabelecimento, Glória Conte Silvestrin, 56 anos, conta que no dia 4 de janeiro, por volta das 17h, dois homens armados chegaram na fruteira em um Monza dourado, entraram no estabelecimento se passando por clientes, anunciaram o assalto e fugiram levando dinheiro e cigarros. No dia 10, quebraram dois vidros da fachada e carregaram doces. O prejuízo foi de R$ 220 somente com a reposição dos vidros. Antes disso, foram outros 10 ataques.
A situação de Glória é um recorte da insegurança no comércio caxiense. Conforme a Delegacia Regional de Polícia, em 2015 foram registrados 475 assaltos a estabelecimentos comerciais - média de 39 casos por mês. Em janeiro do ano passado, foram 37 ocorrências. Neste ano, até a tarde de quarta-feira, 24 casos haviam sido registrados na cidade.
Para o delegado Mario Mombach, da Delegacia de Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec), não há mais uma divisão de endereços mais ou menos perigosos.
-Antigamente, os assaltos se concentravam em locais de fácil fluxo para fuga, mas atualmente não há mais um georreferenciamento, especialmente em roubos à estabelecimentos comerciais, todos os bairros têm sido atingidos. Onde há uma oportunidade, os bandidos estão agindo- explica.
Se a polícia não consegue combater tantos crimes, os comerciantes improvisam.
Para tentar afugentar os bandidos, Glória e o marido, Carlos Silvestrin, 57, construíram a casa junto ao estabelecimento, instalaram alarmes e câmeras de segurança. Nenhuma das ações parece surtir o efeito esperado.
- Não aguentamos mais ter prejuízo, gastar dinheiro para arrumar os estragos e isso sem falar no desgaste emocional de ter uma arma apontada para nós- desabafa a comerciante.
Ladrões levaram de tudo
Glória e o Marido têm muita história para contar. No ano passado, bandidos invadiram o local à noite e levaram oito bandejas de ovos. Em outra oportunidade, um assaltante utilizou como arma uma faca que Glória mantém em cima do balcão para cortar queijo e servir aos clientes. Por quatro vezes, os criminosos carregaram todo o estoque de cigarros e salames.