Familiares e amigos de Rogério Pereira, 35 anos, assassinado a tiros na frente de uma boate na madrugada de domingo, em Canela, se assustaram com a cena durante o velório nesta segunda-feira. Ao abrirem o caixão para a despedida final, descobriram que o corpo do homem estava nu e sujo de sangue. Pior: o cadáver havia sido colocado dentro de um saco plástico preto fechado, procedimento geralmente adotado para cadáveres com mutilações ou em adiantado estado de decomposição, o que não era o caso de Pereira.
- Foi a coisa mais horrível. Minha prima (irmã de Pereira) desmaiou, teve gente que deixou o velório. Queremos dignidade para a pessoa mesmo depois de morta. Isso não se faz - desabafou o primo da vítima, Manoel Pereira.
Os parentes do homem só descobriram o problema por volta das 9h30min, pouco antes do enterro. Eles imaginavam que Pereira tinha recebido um tratamento tradicional dispensado aos falecidos pois contrataram os serviços da funerária.
- O caixão foi deixado lacrado para velório na capela, e a funerária disse que não podíamos abrir. Pensamos que era assim mesmo. Mas a mãe dele (da vítima) ficou desesperada e pediu para ver o filho na despedida. Daí tiramos os lacres e para nossa surpresa ele estava assim - indigna-se Manoel.
O caso foi registrado na delegacia da Polícia Civil, que também investiga o assassinato. De acordo com o delegado Vladimir Medeiros, Pereira atuava como segurança na boate Positive e levou quatro tiros por volta das 3h de domingo. Segundo relatos de testemunhas para a polícia, três homens chegaram num Corsa verde em frente à casa noturna. Um deles desembarcou do veículo e atirou. O principal suspeito do crime já foi identificado. A principal hipótese é de que uma desavença motivou o assassinato.
Sobre o velório, porém, o delegado não se manifestou porque não tinha conhecimento da ocorrência. A proprietária da funerária Divina Paz, Nanci Bohrer, admite que ele foi velado dentro de um saco plástico preto fechado. O material foi usado para remoção da vítima do Instituto Geral de Perícias (IGP) de Taquara, onde foi feita a autópsia, até a funerária em Canela. Nanci alega que o rapaz foi alvejado no rosto e, por isso, dificultaria a reconstituição para o velório.
- A tendência nestes casos é que fique saindo sangue sem parar. Não há como enxugar todo o sangue do rosto ou reconstitui-lo - descreve.
A orientação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é que todos os restos mortais sejam higienizados, com procedimentos como antissepsia, para deixá-los em melhor estado de conservação. Também indica a tanatopraxia, emprego de técnicas que reconstruam as partes do corpo, usando também o embelezamento por necromaquiagem.
Velório
Família abre caixão e descobre corpo de vítima de assassinato dentro de saco plástico em Canela
Rogério Pereira, 35 anos, foi assassinado a tiros na frente de uma boate
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