Cerca de 118 mil rapazes e moças dos 15 aos 29 anos em Caxias do Sul (estimativa do IBGE) carregam anseios que dependem da resolução do poder público e do apoio de instituições. Não é preciso muito esforço para saber quais são essas reivindicações. Os próprios jovens se encarregaram de apontar sugestões em conferência municipal, semana passada.
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Cerca de 70 participantes do encontro votaram e aprovaram uma lista com 60 propostas, segundo o titular da Coordenadoria da Juventude, Vinicius Iraí Nascimento. Metade das ideias seria aplicável na cidade, e o restante é assunto para discussão estadual e nacional. A lista abrange diferentes setores como educação, segurança, lazer, acesso à cultura e direito à diversidade, entre outros.
O resultado será encaminhado para o Executivo caxiense nos próximos dias. Muita coisa depende de recursos, e obviamente os pedidos não serão realizados tão cedo. Mas parte das ideias exige apenas uma liderança que vai além do trabalho da Coordenadoria da Juventude: requer mais atenção de parlamentares, secretários municipais e ONGs.
Para destacar ainda mais o debate proposto na conferência da semana passada o Pioneiro ouviu jovens com representatividade em diversos segmentos de Caxias do Sul. A pergunta: o que está faltando para a juventude de Caxias? As respostas podem ser conferidas abaixo.
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Também a partir de segunda-feira, e até o dia 14 de agosto, jovens de Caxias contarão suas histórias de vida e a relação com a cidade. Eles foram convidados a escrever sobre a educação, a segurança, a cultura, o trabalho e a diversidade. A série de reportagens, produzidas em colaboração com rapazes e moças, também homenageia a Semana Municipal da Juventude, com abertura oficial na próxima segunda-feira, no auditório FSG.
O QUE ESTÁ FALTANDO PARA O JOVEM?
- A juventude precisa de espaço para ser ouvida, para atividades e ações. Os jovens querem ser vistos, querem espaços de lazer, querem educação e debater.
Ivan Bisol, 26 anos, presidente do Conselho Municipal da Juventude.
- Caxias do Sul oferece uma programação cultural democrática, os jovens estão nas praças, nos pontos públicos, mas falta é uma integração das instituições com a juventude, com a comunidade. O jovem precisa disso, dessa ligação com escolas, instituições e empresas.
Felipe Alves, 24, integrante do Movimento Negro
- Falta trabalho e educação. Mas não a educação doutrinária, e sim a que ensine a ter iniciativa, que estimule o empreendedorismo e que respeite a individualidade, a liberdade. A voz do jovem precisa ser ouvida.
Jerônimo Molina, 31, integrante do Movimento Brasil Livre
- Hoje a luta do público que represento é por uma boa pista de skate na cidade. Não temos lugar para treinamento, que é importante para alguém crescer nesse esporte. São três anos de luta pela criação de uma pista qualificada no Parque dos Macaquinhos.
Frederico Losquiavo Schneider, 27, presidente da União dos Skatistas Caxienses
- A jovem mãe caxiense precisa de um espaço público para deixar seu filho enquanto estuda. Lutamos por uma creche universitária não apenas para as jovens estudantes, mas também para as mães de baixa renda, para os homens e outros formatos de família.
Suelen Cecília dos Santos, 28, integrante da Marcha Mundial das Mulheres
- A cultura possibilita aos jovens serem protagonistas das transformações sociais. Eu tive oportunidades, mas e quem não tem? No centro da cidade podemos ver diversas ações e grupos organizados, mas e como fica o jovem da periferia? Para isso, penso que é preciso políticas públicas que favoreçam a descentralização do acesso à cultura, bem como a inclusão desses jovens.
Natália Biazus, 26, coautora do projeto Piquenique Poético
- Caxias do Sul não tem espaços culturais diferenciados. Hoje a juventude tem gostos variados e não há uma alternativa para essas manifestações, um espaço adequado e com qualidade, onde a gente vai se sentir bem de estar. Outro dia trouxe um amigo de fora e a única opção era levar ele no Parque dos Macaquinhos ou nos Pavilhões da Festa da Uva. É quase nada.
Geovani de Gregori, 23, integrante do Movimento Hip Hop
- A sociedade deve ao jovem o respeito. Querem a participação da juventude, mas com atitude e maturidade de adultos. Querem que os jovens tenham boas atitudes, mas que não tire o conforto dos que já não têm mais energia para a mudança.
Larissa Rizzon, 28, liderança da juventude católica
- A escola hoje em dia não consegue ter uma abordagem sobre o que os jovens gostam e se identificam. A nossa sociedade também é muita fechada para a juventude, não consegue acolher na cultura, no lazer... Daí os jovens se dispersam e vivem mundos diferentes.
Dagoberto André dos Santos Júnior, 17 anos, liderança entre os estudantes secundaristas
- Acredito que muitas coisas faltam para jovens, e de um modo geral à todos. Falta segurança, investimento em educação, saneamento básico, programas de inclusão social que realmente funcionem, e para nosso espanto, nos dias atuais, esta faltando até tempo. Tempo de nos relacionarmos com as pessoas, como pessoas normais; e também tempo de nos relacionarmos com Deus. Porque, por maiores que sejam os esforços de qualquer autoridade ou comunidade, somente Deus pode preencher o vazio que existe dentro do coração do ser humano.
Ismael Duarte, 24, integrante do movimento de jovens evangélicos