Até o dia 15 de agosto, o Pioneiro abre espaço para os jovens de Caxias do Sul debaterem propostas que possam servir de parâmetro para mudanças na educação, saúde, segurança e cultura, entre outros. É pauta inspirada no tema da Conferência Nacional da Juventude sobre as várias formas de mudar o país.
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Você pode participar deixando sua opinião na página do Pioneiro no Facebook, indicando o que falta para melhorar a vida dos jovens caxienses. Algumas sugestões serão usadas em reportagem no próximo final de semana.
A série é produzida em colaboração com rapazes e moças de diferentes segmentos da cidade. Também assinala a Semana Municipal da Juventude, com abertura oficial nesta segunda-feira, às 19h30min, no auditório da FSG.
O texto abaixo é de autoria do skatista Franco Poloni, que abriu uma pequena fábrica na garagem de casa.
Acidente
Meu nome é Franco Poloni, tenho 26 anos, estou me profissionalizando como skatista e tenho uma empresa no ramo em Caxias do Sul. E foi em março de 2012 que tudo começou a ficar mais interessante.
Fui convidado para um evento em São Paulo, e lá sofri uma queda onde fraturei a perna esquerda. Tive de retornar a Caxias de forma independente, o que é outra história. Resumindo fiquei uns dias no hospital, e passei por uma cirurgia onde ganhei alguns pinos, no dia do meu aniversário.
Precisei ficar alguns meses sem fazer o que eu mais amo, que é andar de skate. Me dedico a isso há 14 anos e pretendo continuar enquanto as pernas aguentarem. No skate você interage com todo tipo de pessoa, mas é individual, só depende de você, a cada manobra você tem que se superar e lidar com suas limitações físicas e mentais, se desenvolver, cair e levantar muitas vezes, basicamente um exercício para a vida.
Sonho x carreira
Sempre soube que a carreira de skatista não é longa e no Brasil ainda não é devidamente valorizada. Isso gerou em mim certa insatisfação com o mercado nacional de skate e seus produtos.
Sentia que um dia eu teria que ter meu próprio negócio se quisesse realmente realizar meus sonhos sem depender diretamente dos outros. Ter uma voz mais ativa no mercado e poder influenciar mais efetivamente para mudar esse cenário.
Nunca achamos que estamos prontos. Mas me vi nessa situação e comecei a agir em relação a isso. Após algumas pesquisas e aconselhamento das pessoas certas, comecei aos poucos produzir shapes (parte de madeira do skate) na garagem da casa dos meus pais. Investi em algumas máquinas mesmo sem saber o que vinha pela frente. Foi um longo processo de testes e adaptação.
Apoio
Estou registrado como MEI (Micro Empreendedor Individual). Percebi que preciso automatizar e simplificar a produção para que outras pessoas possam fazer em tempo hábil.
É trabalhoso pois basicamente todas as funções da empresa dependem de mim: produção, marketing, venda, distribuição, administração, estratégia, etc. Mas sei que é uma fase que tenho que passar, e que posso contar com ajuda de amigos e familiares.
Meu pai tem experiência em marcenaria e negócios e me aconselha frequentemente.
No inicio parece complicado, porém, quando estamos no meio da coisa acontecendo, percebemos que as pessoas que precisamos estão do nosso lado, dispostas a ajudar.
Na verdade me vejo apenas como um elo que liga correntes de pessoas, idéias e empresas.Tudo isso gerou uma série de outras coisas boas, fomentando o skate na cidade. Ajudou a mostrar para o público e para as autoridades que o skate é uma realidade e merece atenção. Também mostra o potencial da nossa região. Em parceria com a USC (União dos Skatistas Caxienses) estamos na luta por lugares adequados para andar, para desenvolver ainda mais o skate, que já conta com um número muito grande de praticantes.
Realização
Hoje em dia divido meu tempo entre as funções da empresa e minha carreira de skatista. Felizmente uma soma a outra, e funcionam bem paralelamente. Mas confesso que essa é a parte mais difícil: focar energia necessária na evolução da empresa e na minha evolução como skatista, ao mesmo tempo. Mas afinal, quem disse que ia ser fácil?
Aprendi que sorte e azar praticamente não existem, as coisas acontecem por varias razões, e o que realmente importa é o que fazemos à respeito. Da adversidade surgem coisas boas e vice-versa.
DA REDAÇÃO
- A participação de jovens no mercado de trabalho em Caxias do Sul caiu, em 2013, a 36,8%, a menor nos últimos cinco anos, segundo o Boletim Anual Juventude e Mercado de Trabalho 2015. A pesquisa é do Núcleo de Inovação e Desenvolvimento (NID) Observatório do Trabalho da Universidade de Caxias do Sul (UCS).
- Conforme o boletim, Caxias do Sul registrou 179 mil trabalhadores formais, sendo 66,1 mil destes (36,8%) jovens até 29 anos. Apesar da queda, o índice é mais elevado do que o estadual e o nacional, que registraram participação, respectivamente, de 33,4% e 33,1% de jovens.
- Houve o fechamento de 74 postos de trabalho em relação ao ano de 2012. Este saldo negativo é resultado do fechamento de 2,6 mil postos de trabalho de jovens até 29 anos.
- A busca por escolaridade é uma estratégia para aumentar a inserção no mercado. Naquele ano, cerca de 56,8 mil pessoas estavam matriculadas em alguma instituição de ensino superior no município. Em sua maioria (73,8%) jovens até 29 anos.
- Em Caxias do Sul, em 2013, foram abertos 5.730 postos em admissões de primeiro emprego. Na faixa de até 17 anos, dos 3.580 vínculos ativos, 52,8% são de admissão de primeiro emprego, o que é compatível com a faixa etária do trabalhador. Já na faixa seguinte, de 18 a 24 anos, esse percentual cai para 6,1%. E na faixa seguinte, de 25 a 29 anos, o percentual cai para 2,0%. Outras análises mostram que a idade média do trabalhador admitido em primeiro emprego é de 23,7 anos.
- Diante do desemprego e da falta de oportunidades no mercado de trabalho, a vontade de empreender está cada vez mais presente na cabeça dos jovens. Um estudo da Endeavor, organização não governamental de incentivo ao empreendedorismo, em parceria com o Sebrae, mostra que seis em cada 10 universitários brasileiros, de diferentes áreas de formação, almejam ter uma empresa. A pesquisa também aponta que 25% dos jovens entrevistados já tiveram alguma experiência empreendedora e que um em cada oito já criou o próprio negócio.
- Em Caxias do Sul cerca de 4,4 mil jovens, de 16 a 30 anos, já criaram a sua própria empresa e se enquadram na modalidade Microempreendedor Individual, segundo o Portal do Empreendedor - MEI.
- De acordo com a pesquisa GEM - Global Entrepreneurship Monitor 2014, dos 3,3 milhões de empreendedores em fase inicial de desenvolvimento na região sul do Brasil, 52,8% são jovens com idades de 18 a 34 anos. Já no grupo de estágio avançado o número de jovens da mesma faixa etária cai para 24,7% dos 3,5 milhões cadastrados.
- O estudo aponta ainda que na região Sul, os empreendedores na faixa etária de 25 a 34 anos são os mais ativos. A taxa específica desta faixa (21,9%) é praticamente idêntica à do Brasil (22,2%).