Duas semanas depois do crime, a polícia continua sem pistas de quem seja o homem que atirou contra Ana Clara Benin Adami, de 11 anos. Contudo, um novo depoimento da amiga que testemunhou o tiro levantou uma hipótese até então pouco considerada no início das investigações, a de uma tentativa de roubo. Inicialmente, a amiga de Ana Clara afirmava que o assassino havia atirado contra a garota, ultrapassando a dupla que caminhava pela Rua Marcos Moreschi, no bairro Pio X.
Na semana passada, na cena do crime e acompanhada pela polícia, ela admitiu que escutou o tiro e então viu o criminoso correndo pela Rua Campo dos Bugres. O momento do disparo não foi visto pela menina. A versão vai ao encontro do resultado da necropsia: Ana Clara foi baleada nas costas e o tiro atravessou o corpo, atingindo o abdômen.
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- Ainda que nunca tenhamos descartado nenhuma hipótese, o primeiro relato deixava a tese de assalto quase remota. Agora, ela ganha reforço. O homem pode ter puxado o gatilho ao pegar a arma, por engano, podia estar sob efeito de entorpecentes. Isso poderia explicar a falta de uma motivação para o crime. No entanto, isso não nos faz descartar o homicídio. As duas hipóteses são analisadas - explica o delegado Rodrigo Duarte, que responde interinamente pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA).
A ausência de informações, como câmeras ou testemunhas, e de uma explicação que motivasse o assassinato são os maiores desafios da investigação e a polícia prospecta que a solução para o caso possa levar meses.
- Geralmente, quando não há prisão em flagrante, se leva de 30 a 90 dias parta solucionar um homicídio ou latrocínio. Dependendo da complexidade do caso, leva até mais, como seis, sete meses - encerra o delegado.
O trabalho da polícia nestas duas semanas
:: Ouviu os pais, familiares e amigos da Ana Clara, cerca de 20 pessoas. Não houve relatos de ameaça ou vingança contra a família que possam ter motivado um assassinato.
:: Verificou informações anônimas, que não se confirmaram.
:: Procurou câmeras nas proximidades do crime para buscar imagens do autor dos disparos. A maioria não estava funcionando. Aquelas que funcionavam não registraram a passagem do homem.
:: Verificou informações sobre supostas ameaças contra Ana Clara. A menina apontada como autora das ameaças foi ouvida e negou qualquer desentendimento.
:: Analisou as redes sociais e o telefone de Ana Clara. Nenhuma ameaça foi encontrada ou qualquer evidência que colaborasse com as investigações.
:: O resultado da necropsia apontou que o tiro foi dado pelas costas e atravessou o corpo pelo abdômen.