Hoje, atividades lúdicas e esportivas integram a rotina de cerca de 400 idosos que praticam jogos adaptados em Caxias do Sul. Entre os preferidos está o câmbio, um vôlei adaptado para maiores de 60 anos. As aulas duram 1h30min, sendo que 30 minutos são para exercitar tudo o que está na primeira frase deste texto. O jogo propriamente dito tem o tempo de uma hora.
De acordo com a diretora da divisão de lazer da Secretaria Municipal do Esporte e Lazer (SMEL), Neci Maria Gasperin, o idoso hoje é ativo e através dos jogos e do esporte, ele busca sua reinserção na sociedade.
- Com a prática esportiva, passa a ser valorizado, se sentindo útil novamente, pela responsabilidade e compromisso que assumem ao participarem de uma equipe, de uma atividade sistemática - explica.
A modalidade funciona com aquecimento, chamada, alongamento, exercícios para a turma trabalhar os fundamentos do jogo, como deslocar de forma lateral, para trás e receber a bola. Só então as equipes são divididas em times de nove atletas, com a possibilidade de ter reservas, e a partida começa. O jogador que receber a bola deve passar para o atleta do meio e este é quem deve sempre arremessar para a outra equipe. Se ele mesmo pegar a bola, já pode passar direto para o outro lado da rede.
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Para o coordenador dos jogos adaptados, Jorge Roberto Gomes Salomão, o esporte ajuda a família a enxergar o idoso de forma diferente, já que normalmente, os avós são vistos como pessoas que servem a comida quando os netos estão com fome, por exemplo.
- A autoestima deles melhora e quando eles chegam de algum campeonato em outra cidade, trazendo troféu e medalhas no peito, a autoestima aumenta mais. Isso é o combustível do nosso trabalho - constata Salomão.
Para a técnica do grupo de Câmbio, Lisiane Galvan Corso, 24, que já trabalha com idosos há dois anos, lembra que no início foi bem diferente do que estava acostumada.
- Eles trazem em sua bagagem outra educação, então o que eu ensino, eles cumprem e gostam de fazer - conta.
Para a técnica, cada um traz uma história de vida diferente, alguns com suas dificuldades de cirurgias, de acontecimentos de vida - conclui.
Aldo Tochetto, 67, já chegou ao ponto de ter que fazer uma cirurgia na coluna, mas depois que começou a participar do grupo, não sentiu mais dores. A esposa Delvina Trintinaglia Tochetto, 69, já participava do grupo e o convenceu a ir também. Casados há 30 anos, o casal gosta e participa de vários grupos dentro do projeto.
- É para se distrair, não existe competição, às vezes, a gente cobra dos colegas, mas normalmente, quando alguém erra para segurar a bola, incentivamos o colega a tentar novamente - lembra Delvina.
Diferença entre esportes
O câmbio é uma modalidade adaptada do vôlei e do nilcon. Veja as principais características dos dois esportes que, unidos, deram origem ao Câmbio.
Vôlei
É praticado em uma quadra dividida em duas partes por uma rede. São duas equipes de seis jogadores em cada lado. O objetivo é fazer passar a bola sobre a rede de modo a que esta toque no chão dentro da quadra adversária. A equipe pode dar dois toques antes de, no terceiro, arremessar a bola ao lado contrário. Não é permitido segurar ou conduzir a bola.
Nilcon
A quadra se assemelha a do voleibol. Joga-se com um número variável de atletas na equipe, de seis em diante. O número de atletas em cada equipe deve ser o mesmo. A equipe que receber a bola deve segurá-la e passar a bola até que seja tocada por três companheiros. Arremessá-la para a equipe adversária tentando jogá-la no chão para marcar um ponto.
