As associações de recicladores de Bento Gonçalves reclamam de volume menor de material reciclável e queda no faturamento nos últimos meses. Os recicladores acreditam que são dois os principais problemas: o lixo mal separado e caminhões clandestinos que recolhem o material antes que a empresa concessionária da cidade faça a coleta. Atualmente, Bento tem 10 associações que recebem os resíduos seletivos coletado pela empresa RN Freitas.
Conforme os recicladores, o volume de material caiu expressivamente nos últimos quatro a cinco meses. A presidente da Recicladora Bento, do distrito de São Pedro, Nadir Alves dos Santos, conta que a associação recebia diariamente vários caminhões com material. Nos últimos tempos, ela diz que o envio é irregular. Em alguns dias, não chega nada para ser separado. Com isso, a renda mensal dos 20 associados caiu pela para menos da metade: de R$ 1,3 mil para cerca de R$ 600, em média.
- Trabalhamos, às vezes, dois, três dias por semana. E depois ficamos parados. O reciclável está todo mundo misturado. Não sei de quem é a culpa, mas tem algo muito errado - diz Nadir, que participou de uma audiência pública sobre o assunto na Câmara de Vereadores na terça-feira.
O presidente da cooperativa Ouro Verde, no bairro Universitário, Claudir Bortolotto, conta que a recicladora tinha 14 pessoas até o início do ano e agora tem só seis. Segundo ele, a associação costumava receber duas cargas de material por dia e, agora, tem recebido a mesma quantidade só que por semana. Os recicladores também reclamam que uma verba de R$ 4,5 mil mensais que era repassada pela prefeitura até o ano passado, não foi paga em nenhum mês desse ano.
- Pagamos aluguel de R$ 3 mil pelo pavilhão. Tivemos que pegar dinheiro emprestado, que será pago com juros depois - conta Bortolotto.
Ele e Nadir também asseguram que um rancho com itens alimentares não foi mais repassado aos recicladores.
O secretário municipal de Meio Ambiente, Luiz Augusto Signor, argumenta que o volume de lixo seletivo na cidade aumentou nos últimos anos. Segundo ele, cerca de 23% dos resíduos de Bento são recicláveis, enquanto que, em 2013, o volume era de 8%. Ele diz que são recolhidos diariamente 23 toneladas de lixo reciclável de um total de 105 toneladas.
O secretário defende que o problema são os caminhões clandestinos de coleta. Signor diz que isso poderia ser evitado com uma legislação que assegure punições e fiscalização.
- Esse projeto deveria ser encaminhado pela Câmara - entende.
Sobre a falta de repasse de verbas, o secretário argumenta que o repasse foi suspenso para adequação a uma legislação federal que prevê que valores só podem ser encaminhados se houver uma licitação para contratar as associações. Ele assegura que esta questão está em análise e que assim que for resolvida, o repasse será regularizado.