:: Estatística recente, segundo o pesquisador Deliso Villa, aponta que cinco em cada 10 italianos têm um parente ou amigo próximo que vive estavelmente no exterior. Paradoxalmente, a comunidade italiana ignora a imigração italiana ocorrida há 140 anos
:: Praticamente não se ensina na escola que a Itália deve a sua construção como país à partida de um terço da população entre os anos 1875 e 1920. Segundo a assessora de comunicação do Arquivo do Porto de Gênova, Silvia Martini, apenas docentes "mais sensíveis" tratam do assunto
:: Nos primeiros anos do século 20, o consumo anual de vinho per capita na Itália era de 126 litros - hoje é de 50 litros. Enviar o filho a escola depois de ter dado a ele uma tigela de vinho com polenta velha. Esse era um hábito muito difundido, especialmente nas áreas mais pobres. Dados da Revista Vêneta de Ciências Médicas, com sede em Veneza, aponta que, entre 1901-1910, dos 12 mil alunos do ensino fundamental na cidade, apenas 3 mil não costumavam beber vinho
:: Os navios tinham quatro tipos de diários de bordo: Giornale di Boccaporto, Giornale Generale e di Contabilità, Lettera e Giornale Nautico. Neles, o comandante relatava acontecimentos importantes, de nascimentos e mortes a embarque de mercadorias, da situação climática à cartografia de navegação. Boa parte desse material está preservado no Arquivo do Estado, em Gênova
:: Em Roma, há uma inscrição no Palazzo della Civiltà Italiana (projetado em 1937 pelos arquitetos Guerrini, Lapadula e Romano e inaugurado incompleto em 1940), com a retórica fascista que, contraditoriamente, homenageia o espírito desbravador dos italianos. Na superfície do prédio, lê-se: "Un popolo di poeti di artisti di eroi / di pensatori di scienziati / di navigatori di trasmigratori"
:: Nos boletins do consórcio autônomo do porto de Gênova em 1924, há uma menção à evolução da estação marítima e o lugar destinado aos imigrantes: "O serviço aos passageiros se desenvolverá aproximando os navios em partida ao lado leste da Ponte dei Milla e aqueles em chegada ao lado oeste. Aos passageiros de classe serão destinados os locais que se encontram no primeiro andar do edifício, aos imigrantes, o plano térreo. Para esses últimos haverá, ao cuidado do comissariado da imigração, construído em contiguidade da rampa Rubattino, um local de desinfecção, para que os imigrantes possam, depois da visita e da verificação dos documentos, ir para a rampa de embarque". Atualmente, a estação preserva o local que abrigava os passageiros de primeira e segunda classes. Da terceira classe, usada pelos imigrantes no plano inferior do edifício, não há sequer registros fotográficos