Entre as milhares de pessoas que chegam ao Santuário Diocesano de Caravaggio anualmente para as romarias, estão trabalhadores que passam o dia inteirinho na igreja, mas não conseguem sequer assistir a uma missa. São centenas de pessoas envolvidas na organização, e alguns personagens se destacam pelo tempo de dedicação ou pela importância da atividade que executam. É o caso da cozinheira Olímpia Helena Basso, 56 anos, que comanda a cozinha dos restaurantes do Santuário e garante alimentação diária para padres e, em fins de semana e em romarias, para o público em geral.
Olímpia trabalha no Santuário há 10 anos. É a nona romaria que trabalha. Não consegue ir até o Santuário durante o dia, nem encostar na imagem de Nossa Senhora, como todo romeiro. Mas escuta todas as missas pelo alto-falante e vive a romaria como poucos.
- Estou aqui desde a sexta de noite. Durmo aqui no Santuário (nos quartos) durante as romarias porque acordo às 4h. Se tudo der certo, hoje vou para minha casa dormir - esperava, ansiosa, na tarde do domingo.
Não fosse pelas mãos de Olímpia, 550 romeiros não teriam almoçado no domingo - e nem 600 voluntários, incluindo policiais. Diz que cozinha com amor também porque está sendo vigiada por Caravaggio, uma de suas melhores amigas.
- É bastante gente que servimos sim, mas dá tempo de dar uma espiadinha na romaria - entrega.
Tão popular pelas bandas do Santuário como Dona Olímpia é Seu Egídio Tarcísio Vieceli.
No domingo, quando completava 83 anos, também aniversariava no quesito tempo de trabalho. São 43 anos como funcionário do Santuário - mas participa das romarias desde os 11 anos, cantando no coral da comunidade. Seu Egídio, como é chamado, nasceu na comunidade de Caravaggio, mais precisamente em um dos casarões de pedra espalhados pela Dom José Barea. Trabalha como serviços gerais, cuidando desde o gramado da Esplanada até se falta carne para ser assada nos restaurantes.
Seu Egídio se declara apaixonado por romarias - e ele dá um jeito de assistir ao menos uma missa por dia, mesmo que seja a celebrada bem cedinho, às 6h.
- O que eu mais gosto daqui é a fé que o pessoal mostra por Caravaggio- confessa.
No domingo, quando recebia parabéns pelo aniversário, dispensava qualquer presente material.
- Meu maior presente é ter nascido em Caravaggio e fazer parte desta festa - declara.
Mão na massa
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