Caixa reduz teto de financiamento para imóveis usados
Caixa eleva juros de financiamentos imobiliários pela 2ª vez em 2015
Quem estava com o dinheiro separado para dar entrada na casa própria deve ter sido surpreendido no final do mês de abril, quando a Caixa Econômica Federal anunciou a redução do limite de financiamento com recursos da poupança. Com isso, o objetivo do banco é priorizar a oferta de crédito habitacional em moradias novas, sem alterar as regras para as habitações populares. Mas como fica para quem quer comprar um imóvel usado?
Para os imóveis até R$ 650 mil, no caso do Rio Grande do Sul (em outros Estados, o limite chega a R$ 750 mil), as mudanças significam que, enquanto antes bastava entrar com um mínimo de 20% no valor do imóvel, esse percentual vai subir para a metade a partir da próxima segunda-feira - ou seja, só será possível financiar 50% da moradia, e não até 80%, como antes.
Se, por um lado, a recém-anunciada cota de financiamento deve refrear a venda de imóveis usados, por outro, deve aumentar a venda de novos empreendimentos e a procura pelo aluguel em todo o Brasil, segundo avalia a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).
- Vai afetar todo o mercado. Os imóveis novos têm demanda menor, ainda mais com a inflação alta, mas quem estava pensando em comprar um usado de três quartos, por exemplo, e não tem dinheiro para dar metade da entrada, pode optar por um apartamento novo de dois quartos - afirma Miguel Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Anefac.
Para o sindicato das imobiliárias do Rio Grande do Sul (Secovi-RS), porém, as novas taxas devem significar um "travamento" em todas as vendas, afetando principalmente consumidores com menos recursos. Isso porque, conforme o vice-presidente de comercialização do sindicato, grande parte das pessoas que comprariam imóveis até R$ 650 mil não têm poupança suficiente para pagar 50% de seu valor logo na entrada.
- Vai haver um bloqueio quase geral nas operações de venda dos imóveis. O governo livrou apenas os novos, mas os avulsos (usados) é que são maioria do mercado. É uma coisa realmente pesada, e que pesou para um lado só - lamenta Gilberto Cabeda.
Em dois minutos, entenda as causas e efeitos da redução do financiamento:
É uma boa hora para comprar um imóvel?
Nesse cenário, Cabeda avalia que também a venda de imóveis novos sai prejudicada. Ele cita o exemplo de alguém que quer vender seu apartamento para comprar um novo, como costuma acontecer no mercado automotivo. Podendo contar com menor valor de financiamento pela poupança, o cliente desiste da compra, o comércio tem menos negociações, as imobiliárias perdem clientes.
Na avaliação do vice-presidente da Anefac, diante dessas alterações, o financiamento em bancos privados pode ficar competitivo. Apesar das taxas serem geralmente maiores que as praticadas pela Caixa, a possibilidade de financiar um percentual maior da compra pode se mostrar vantajosa.
Para quem ficou na dúvida entre comprar um imóvel usado ou um novo, porém menor ou menos bem localizado, a orientação é fazer as contas - e avaliar se a necessidade é maior que a possibilidade de esperar por um cenário mais economicamente favorável.
- O mercado, como um todo, deve continuar estável. Às vezes o cliente até tem dinheiro disponível para dar essa entrada maior, mas prefere esperar por dias melhores. A decisão de comprar ou esperar é pessoal - define o vice-presidente de comercialização do sindicato das imobiliárias do Estado.
Leia as últimas notícias em Zero Hora
A Caixa destaca que as mudança não se aplicam ao crédito para a habitação popular, como o programa Minha Casa Minha Vida, e os financiamentos com recursos do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) - modalidades em que, conforme o banco, não houve alterações. A mudança passa a valer para contratos assinados a partir de 4 de maio, ainda que tenha havido algum acordo de venda antes desse período.
* Zero Hora