Os diversos setores da economia caxiense têm reagido de forma diferente ao impacto das manifestações dos caminhoneiros contra a alta dos combustíveis. Na Serra, caminhões com cargas não perecíveis estão parados na RSC-470 em Monte Bérico, no limite entre os municípios de Veranópolis e Bento Gonçalves.
Para o Sindicato do Comércio de Gêneros Alimentícios (Sindigêneros) de Caxias do Sul, alguns gêneros alimentícios podem começar a ficar escassos já nesta quarta-feira. Na primeira manhã de protestos não foram registrados problemas no fornecimento de produtos para a Ceasa, mas caso os bloqueios sigam nos próximos dias, é possível que no fim de semana comece a faltar frutas importadas.
- Nós já estamos preocupados. Amanhã já não vamos receber carne. Eles dizem que caminhões com carga perecível passa, mas os frigoríficos não deixam sair - explica o presidente do Sindigêneros Caxias, Eduardo Luis Slomp, citando o caso de um caminhão frigorífico que teria sido aberto por manifestantes.
Trata-se de uma manifestação justa, na opinião do presidente da Câmara da Indústria e Comércio de Caxias do Sul (CIC), Carlos Heinen. No entanto, a interrupção da circulação de cargas sem períodos liberados para circulação pode prejudicar a economia local caso a situação não seja resolvida esta semana. Problemas de abastecimento podem aparecer em até 48 horas.
- Chegou o momento que já estávamos esperando. Os custos das transportadoras estão insuportáveis. Eles chegaram ao limite. Acredito que precisamos apoia-los - defende Heinen.
No setor moveleiro, a previsão é que comece a faltar matéria-prima na próxima semana. De acordo com o presidente da Associação das Indústrias de Móveis do Rio Grande do Sul (Movergs), Ivo Cansan, há empresas que mantêm estoque de alguns produtos para apenas quatro ou cinco dias.
Agas e Sindipetro estão otimistas
O presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Cesa Longo, acredita que a situação está sob controle. De acordo com ele, os supermercados em geral têm estoque para 48 horas de produtos perecíveis. Carnes, por exemplo, costumam ser estocadas congeladas em quantidade suficiente para atender à demanda por até dez dias. Na sua opinião, a situação está sob controle e apenas ações promocionais podem ser prejudicadas. Para que haja aumento nos preços, seria necessário cerca de duas semanas de problemas no abastecimento.
O clima é otimista também no setor de combustíveis. Segundo o presidente do Sindipetro, Luiz Henrique Martiningui, até o momento não há notícia de desabastecimento. Como os postos não trabalham com estoques muito grandes, poderiam surgir problemas ainda esta semana, o que acredita que não vá acontecer.
- É um produto de primeira necessidade. Sem ele a carga perecível também não é entregue. É mais difícil sofrermos impacto. É o que espero que aconteça.
Alta do combustível
Problemas de abastecimento podem aparecer em dois dias em Caxias
Caminhões com cargas não perecíveis são retidos nos pontos de protesto
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