Aos gritos de "rápido", faltando dez minutos para abrir os portões aos compradores na tarde desta quinta-feira, um caminhão ainda era descarregado em um box da Ceasa de Caxias do Sul. Apesar do bônus se chegasse a tempo e de ter dirigido por diversos desvios para escapar dos bloqueios provocados pelas manifestações nas estradas, a carga para a banca de Célio Veronese chegou poucos minutos antes de as vendas começarem, com cinco horas de atraso.
A dificuldade para trazer frutas e verduras, aliada ao aumento no frete - estão sendo oferecidos bônus aos caminhoneiros que conseguem trazer as cargas a tempo -, já refletiu nos preços. Segundo Veronese, nesta quinta-feira já houve aumento de aproximadamente 10%. Dos 50 produtos pedidos pelo boxista, apenas 40 chegaram.
- Pelo menos o caminhão chegou hoje. Era para carregar mais amanhã, mas não vão. Vai faltar produto. Hoje já não sobra mais nada - prevê Veronese.
Clóvis Demari conta que muitos caminhoneiros já não saem mais. Nesta quinta-feira ainda não faltou nada, mas se a situação não melhorar, no sábado já não terão mais frutas como mamão, abacaxi e manga. Sem a reposição do estoque, nos próximos dias os preços devem ser reajustados.
No box de Ademir Henkes já estão sendo vendidos apenas os produtos em estoque. Nesta quinta-feira nenhum caminhão conseguiu chegar com mercadorias. A previsão era que três cargas abastecessem a banca mas todos estão trancados nos protestos.
Entre os veículos parados está uma carreta com mamões da Bahia, retida há dois dias nos protestos. Mesmo que as frutas cheguem, provavelmente não terão mais qualidade suficiente para a venda. O prejuízo fica para a banca, já que o seguro não cobre este tipo de perda.
Compradores não conseguem chegar
Além das perdas pela falta de mercadorias, os comerciantes da Ceasa começam a sentir a falta de compradores. O coordenador da Ceasa, Gilnei Bogio, conta que nesta quinta-feira tinha notícias de dois grandes clientes que não conseguiriam chegar para abastecer.
