Os milhares de pinheiros derrubados para a construção da Represa Marrecas agora são alvo de investigação do Ministério Público (MP). A madeira foi vendida há mais de um ano para uma empresa de materiais de construção. Agora, o promotor de Justiça Alexandre Porto França quer entender por que as toras apodreceram a ponto de serem comercializadas a preços abaixo do mercado.
O inquérito só foi instaurado no final de outubro deste ano porque o MP precisou cumprir diligências preliminares. Diante de indícios que sugerem falhas no processo de conservação da madeira, França oficializou a investigação.
- Houve demora na venda, o que fez o preço cair. Precisamos esclarecer se houve irregularidades _ diz o promotor.
No início de 2013, o Samae colocou 3,2 mil metros cúbicos de araucária (cerca de 6,5 mil pinheiros) à venda. Não houve interessados e a autarquia lançou novo pregão em maio daquele ano. A expectativa era arrecadar cerca de R$ 290 mil com 10 lotes de madeira, mas o negócio foi fechado por R$ 201 mil, 30% a menos.
A direção do Samae já havia anunciado em 2013 que o estrago foi provocado pela disputa judicial em torno da represa. Ambientalistas questionaram o desmatamento via processo, o que paralisou as obras da represa e impediu que as toras já cortadas fossem retiradas da barragem. A madeira ficou ao relento durante quase três anos.
Parecer do Departamento de Florestas e Áreas Protegidas (Defap), em 2013, confirmou que boa parte das toras estava comprometida. Os técnicos concluíram que chuva e sol e o ataque de micro-organismos decompositores contribuíram para o apodrecimento.
CONTRAPONTO
O que diz o diretor-presidente do Samae Edio Elói Frizzo:
Quando assumi a diretoria do Samae o problema já vinha se arrastando por conta dos embargos na Justiça. Não havia onde deixar as toras e não podíamos mexer. Fizemos três licitações e duas resultaram desertas (sem interessados), mas vendemos na terceira tudo dentro do que rege a lei. Outro agravante é que não havia cercamento da área, o que resultou em furtos, problema que foi sanado posteriormente.
Polêmica não terminou
MP apura responsabilidade por estragos em pinheiros derrubados na construção da represa Marrecas, em Caxias
Toras foram vendidas a preço abaixo do mercado há mais de um ano
Adriano Duarte
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