A prefeitura de Caxias do Sul pagará mais caro pelo tratamento do lixo orgânico, ao menos temporariamente. O gasto adicional está relacionado ao transporte do chorume retirado da Central de Tratamento de Resíduos (CTR) Rincão das Flores, entre o Apanhador e Vila Seca.
A Companhia de Desenvolvimento de Caxias do Sul (Codeca) contratará uma empresa para levar parte do líquido originário da decomposição dos resíduos ao aterro desativado São Giácomo, no bairro Reolon. Dali, o material seguirá para a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Tega.
A distância entre as duas unidades é de aproximadamente 50 quilômetros, o que eleva o preço da logística. A manobra é necessária porque a estação de tratamento do Rincão das Flores opera parcialmente desde o início do ano.
O edital de licitação prevê a remoção de 1,2 mil cargas de chorume entre a central e São Giácomo por um período de 12 meses. O transporte de cada carga foi orçado em R$ 545, o que totalizará R$ 654 mil em um ano. A licitação, porém, não obriga a Codeca a contratar todo o serviço. Por se tratar de uma previsão, somente a demanda determinará quanto será gasto, segundo o diretor-presidente da companhia, Valter Webber. A Codeca, por sua vez, cobrará o valor da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma), pasta responsável pela central.
Em média, o Executivo desembolsa R$ 670 mil mensais para manter o aterro no interior, o que inclui o tratamento de chorume. Com a nova operação, o acréscimo chegaria a 8% e o preço pode passar dos R$ 700 mil a cada 30 dias.
A empresa vencedora de licitação será obrigada a fornecer dois caminhões e transportar média diária de oito cargas. Os caminhões precisam ter tanques com capacidade mínima de 30 metros cúbicos, o equivalente a 30 mil litros. Os custos com combustível e manutenção dos veículos e funcionários da terceirizada serão diluídos no contrato.
A redução da nova despesa só será possível com a retoma do tratamento completo em Rincão das Flores. O secretário do Meio Ambiente, Adivandro Rech, diz que a estação continua em testes e trata 60% do chorume - o restante é levado para o São Giácomo. Em fevereiro, a Semma interrompeu o sistema antigo por entender que havia problemas na forma como o material era descartado.
O novo sistema é por aspersão (jatos do material são lançados no ar e caem sobre o solo). Somente após avaliação da Fepam é que o tratamento poderá ser elevado para 100%, o que encerraria o transporte de chorume de um lugar a outro.
- A limpeza atual nos permite descartar no rio, mas queremos a aspersão por ser melhor. Pedimos nova análise da água para ver como está a qualidade e vamos submeter o formato de descarte na Fepam - explica Adivandro, reforçando que a autorização do órgão estadual não tem prazo para ocorrer.
Na semana passada, a Semma e a Codeca confirmaram que milhares de litros de chorume contaminado trazidos do Rincão das Flores vazaram no Arroio Tega. Não há estimativa dos estragos. O acidente teria sido causado pela remoção de uma tampa da tubulação que leva para uma estação de tratamento de esgoto no bairro Mattioda.
PREÇO DO LIXO
:: Caxias do Sul produz 360 toneladas de resíduo orgânico e 90 toneladas de reciclável todos os dias. Em média, o tratamento da tonelada de lixo custa R$ 310.
:: Somente no ano passado, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma) pagou cerca de R$ 50,7 milhões com serviços de limpeza urbana, segundo o Portal de Transparência. Os recursos foram repassados para a Codeca. A despesa inclui recolhimento de lixo, varrição de ruas e manutenção do aterro sanitário.
:: Com o transporte do chorume do aterro de Rincão das Flores até Caxias do Sul, a previsão é gastar cerca de R$ 654 mil a mais nos próximos 12 meses.
DE OLHO NOS GASTOS
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Adriano Duarte
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