Regalia paga pelo contribuinte, o cafezinho é cada vez mais difundido no serviço público de Caxias do Sul. Tanto que o Executivo pretende comprar 13 toneladas de café em pó e 54 toneladas de açúcar até maio de 2015 apenas para consumo interno. O volume equivale à venda de um ano inteiro de um mercado de porte médio. É quase o dobro do que foi adquirido no ano passado e daria para servir 3,29 milhões de xícaras.
O Atacadão Comércio de Gêneros Alimentícios, de Gravataí, foi contratado para fornecer o café em pó e o açúcar. A remessa virá a cada dois meses de acordo com a necessidade do almoxarifado central da prefeitura. A Igapel Papéis e Embalagens, de Caxias do Sul, entregará 518 garrafas térmicas de cores variadas para guardar a bebida e eventualmente a água quente para o chá. Somados, os gastos previstos nos editais de licitação podem chegar a R$ 263.847,45. Por se tratar de uma estimativa, é possível que o consumo fique abaixo do licitado - ou acima.
Convém lembrar que a bebida não está disponível para qualquer cidadão que busca atendimento nas repartições. As xícaras são servidas apenas para parte dos servidores e a alguns visitantes.
Exemplo: pacientes que esperam por atendimento no Postão 24 Horas não ganham café. Quem procura por serviços na prefeitura também não saboreia a bebida nacional. Professores das escolas municipais e servidores que atuam na rua também costumam adquirir a bebida por conta própria, sem depender do estoque público. Por outro lado, o cafezinho é disponibilizado para participantes de cursos, oficinas e seminários organizados pelo município.
A secretária de Recursos Humanos e Logística, Jaqueline Bernardi, diz que servir café é costume antigo tanto no serviço público quanto na iniciativa privada. Jaqueline defende que a gestão sobre estoques maiores é mais eficiente. Anteriormente, cada secretaria adquiria o café separadamente, o que provocava descontrole sobre o preço pago ao fornecedor. Hoje, a compra é pelo sistema de registro de preços, onde se privilegia somente o menor valor de mercado e não obriga a prefeitura a comprar tudo o que foi previsto no edital.
- A atual licitação projetou uma estimativa, não significa que tudo será comprado. Dessa forma também não fazemos mais aditivos ao contrato original e também não corremos o risco de pagar preços diferentes por um mesmo produto. Sabemos quanto cada pasta consumiu - ressalta Jaqueline.
O consumo de café também aumentou na Câmara de Vereadores. Diferentemente da prefeitura, quem fornece a bebida é a La Vinha, empresa terceirizada. A prestadora de serviço, contratada mediante licitação, disponibiliza funcionários para trabalho de copa e cozinha, o que inclui o preparo do café.
O empenho para este ano é de R$ 120 mil, sendo que R$ 54 mil já foram gastos. No ano passado, o consumo chegou a R$ 90 mil, quase o dobro de 2012. A bebida é servida nos gabinetes e em audiências. O contrato não especifica a quantidade de produto consumida. Na Câmara, o cafezinho também não é liberado para a população. A exceção é se o cidadão visitar algum gabinete ou participar de alguma reunião específica.
De olho nos gastos
Consumo de café dobra na prefeitura e na Câmara de Vereadores de Caxias do Sul
Previsão é servir mais de 3 milhões de xícaras da bebida até metade do próximo ano
Adriano Duarte
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