Semanalmente, o Pioneiro trará informações sobre os gastos do Executivo e do Legislativo de Caxias do Sul e região na série De olho nos gastos. Os dados obtidos pela reportagem constam no Portal da Transparência de cada município. O objetivo é acompanhar os investimentos e despesas e estabelecer comparativos para que o cidadão compreenda melhor como os gestores usam os recursos públicos.
A primeira matéria aborda o novo britador que será construído em Caxias do Sul. A prefeitura gastará R$ 2 milhões na construção de uma segunda unidade para fabricar cascalho na Vila Maestra para atender a demanda em obras públicas. Contudo, três estruturas que poderiam moer pedras enferrujam no interior.
FOTOS: veja os britadores que estão sem uso no interior de Caxias do Sul
Os pontos desativados ficam em Ana Rech, Criúva e Santa Lúcia do Piaí e foram reformados entre 2005 e 2009. A prefeitura deixou de operá-los a partir de 2010 quando empresas detentoras do direito de exploração do basalto tiveram as licenças suspensas por questões ambientais. Sem matéria-prima para abastecer os britadores, o município optou pelo fechamento e reaproveitou pouco maquinário. O que resta é consumido pela ação do tempo.
Em Ana Rech, esteira e três motores permanecem desligados há pelo menos cinco anos na cabeceira de um morro. O desgaste das máquinas é visível. Sete ou oito motores estão empilhados em um galpão ao lado de outros objetos. No lado externo, um tanque de óleo, uma antiga bomba de gasolina e um equipamento de lubrificação também ficam expostos. As maiores evidências de abandono, porém, são uma betoneira, peças de trituração e um segundo tanque de óleo jogados em um matagal.
A situação se repete em Criúva: o mato cresce por entre as engrenagens abandonadas no caminho para uma pousada. No britador de Santa Lúcia do Piaí, um dos mais antigos de Caxias, as máquinas também deterioram. Um galpão serve de depósito de carros alegóricos, e a estrutura de energia adquirida pelo município segue inoperante.
A reativação dessas estruturas pouparia recursos. Desde janeiro de 2013, a prefeitura já gastou R$ 5,7 milhões para comprar basalto bruto ou cascalho da Pedreira Caxiense. Mas como o único britador aberto próximo à barragem da Maestra não tem capacidade para atender a demanda da cidade, o secretário municipal de Obras vê urgência na construção de uma segunda unidade na Estrada Municipal Adolfo Randazzo, também na Vila Maestra.
Como a lei concede o direito de exploração do basalto somente à iniciativa privada, a secretaria precisa comprar o material bruto para triturar. Quando não consegue processar brita suficiente, busca o produto já processado no mercado.
- A cidade já teve oito britadores. Um só britador é pouco e quando estraga tranca toda a produção de cascalho. Daí que precisamos investir nisso para ampliar a oferta - explica o secretário Adiló Didomenico.
Ele promete uma triagem dos equipamentos desativados para identificar o que pode ser aproveitado e o que é sucata nas estruturas do interior. A expectativa também é reabrir o britador de Ana Rech e de Criúva, mas o serviço depende do licenciamento das mineradoras. Muitas empresas tiveram problemas na documentação com o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) e buscam novos licenciamentos.
De olho nos gastos
Britadores sem uso enferrujam no interior de Caxias do Sul
Maquinário foi desativado há mais de três anos em Ana Rech, Criúva e Santa Lúcia do Piaí
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