Mesmo que o cenário econômico não seja favorável, há empresas em Caxias do Sul que estão obtendo bons desempenhos. Na Racon Consórcios, por exemplo, não existem lamentações. Para obter crescimento em um ano de Copa do Mundo e eleições _ em que os negócios tendem a travar, conforme acreditam muitos empreendedores _ a empresa, do Grupo Randon, se planejou.
O segundo semestre, sempre o mais rentável, era o que centralizava ações comerciais. Porém, como 2014 é um ano diferente, as estratégias de marketing foram antecipadas. A Racon concentrou esforços na divulgação da marca na mídia e na presença em eventos comunitários, com sorteios de brindes e brincadeiras para as crianças.
O resultado está nos números: nos primeiros seis meses de 2014, o volume de negócios da unidade de Caxias e nas seis franquias da região cresceu 55% em relação ao mesmo período do ano passado. A empresa obteve R$ 44,6 milhões com a venda dos consórcios de imóveis e veículos, contra R$ 28,7 milhões no primeiro semestre de 2013.
- Em primeiro lugar nos planejamos. Depois focamos no trabalho, deixando de lado a opinião pública de que o Brasil iria parar, que a Copa do Mundo ia dar uma segurada. Não permitimos que esse cenário de recessão nos atingisse, por isso tivemos esses resultados - conta o diretor administrativo-financeiro da Racon, Marcelo Merlin.
A Brisa Calçados está prestes a comemorar um dos melhores anos da loja até o momento. O proprietário, Gilmar Dal Pizzol, 52 anos, e o sobrinho, o diretor comercial Thiago Dal Pizzol, 28, não se contagiaram pelo clima pessimista na economia. Há duas semanas, lançaram uma promoção surpresa em uma das lojas, que teve de ser encerrada no mesmo dia, tamanho o volume das vendas.
A intenção era manter a oferta por 10 dias, mas os produtos com desconto se esgotaram em duas horas. Filas se formaram na quadra do estabelecimento. Um dos segredos é justamente surpreender o cliente. Promoções já esperadas pelo consumidor, aquelas com época certa para acontecer, são descartadas por eles. Isso porque, ciente de que esse tipo de liquidação ocorrerá, o cliente interrompe as compras.
As campanhas criativas em datas especiais também são uma marca deles. Para o Dia das Mães, os compradores concorreram a um ano de calçados grátis. Claro que o presente era para mães. Na campanha do 12 de junho, Dia dos Namorados, toda compra dava direito a uma raspadinha, com algum tipo de desconto. O prêmio máximo era o Amor em Dobro, cujo sortudo ganhava, em compras, o dobro do valor gasto.
A loja é ousada também quando lida com as aquisições de mercadorias _ que não são reduzidas mesmo diante de cenários desanimadores_ e com a inadimplência. Desde 2003, a Brisa tem um departamento de cobrança, ou seja, o serviço não é terceirizado. A medida reduziu o número de devedores. Porém, inadimplência muita baixa não os interessa. Quando ela cai muito, é um sinal de que estão deixando de vender e eles liberam mais crédito.
- Tem que acreditar. Negócio é um jogo, é preciso apostar lá na frente. Hoje tem uma cadeia de pessimismo no mercado que está parando o país- comenta Gilmar.
O faturamento da empresa poderia ser maior não fosse um obstáculo: a falta de mão de obra qualificada para o comércio. Na Brisa, há vagas abertas para gerente, vendedores, caixa, entre outras.
