O Dia Nacional do Gari, comemorado nesta sexta-feira, é mais um dia de trabalho para Otílio da Silva Maciel, gari da Codeca conhecido como Sete Calças pelos colegas. Natural de Bom Jesus, Seu Otílio tem 69 anos. Dedicado ao trabalho no campo, tirava leite, cuidava dos animais e das lavouras. Tendo estudado até a 5ª série, pretendia conquistar um emprego fixo e com maior remuneração.
Em 1991, mudou-se para Caxias do Sul, após passar em um concurso público para trabalhar como gari na Codeca. Muito orgulhoso da profissão que exerce há 23 anos, Seu Otílio lembra até hoje que teve 85 acertos e meio na prova.
Muito alegre e brincalhão, o gari é conhecido pelos colegas como "Sete calças". O apelido surgiu devido a sua preocupação em estar sempre prevenido.
_ Eu sempre carrego na mochila sete calças, duas capas-de-chuva e um par de sapatos. Quando chove e vou molhando a roupa, já vou trocando para não ficar molhado e doente. E quando chove de surpresa, se meu colega não tem capa, eu tenho na mochila e empresto para ele _ relata o gari.
Desde o primeiro dia de trabalho, Seu Otílio (o gari da esquerda na foto acima) fazia questão de cumprimentar a todos os colegas de trabalho e as pessoas que encontra no trajeto que faz como coletor. Sua jornada de trabalho inicia-se diariamente às 6h15min e se estende até por volta das 11h15min.
Atualmente trabalhando na chamada área de risco, isto é, em regiões da cidade de difícil acesso, o gari conta que ele, o motorista Loncharnei Druzzian Filho e o coletor Valdecir Silva de Bitencourt são como uma família.
_ Como sou o mais velho, dou conselhos pra eles e estamos sempre brincando. Está semana falamos de idade e de envelhecer. Disse para eles que precisam guardar dinheiro para cuidar da saúde quando tiverem com mais idade _ conta Seu Otílio.
Além do bom humor e de ser um homem prevenido, Seu Otílio ainda tem outra marca: o apito que carrega sempre junto com ele. Os coletores usam assobios como código com os motoristas dos caminhões, seja para avisar sobre alguma situação de perigo, dar sinal para seguir adiante ou para esperar.
_ Eu não sei assobiar. Para não ficar para trás e nem prejudicar o trabalho dos motoristas, inventei de levar amarrado no pescoço um apito. Até os moradores me conhecem pelo apito e saem de casa para me cumprimentar _ assume o gari.
Pai de duas filhas, Seu Otílio sente-se orgulhoso da profissão que exerce e só pretende se aposentar no final deste ano para poder voltar a cuidar de seus animais no campo. Mas, até lá, continua esbanjando simpatia e muita jovialidade por onde passa.
_ Pareço um guri de 18 anos. Depois que saio do trabalho, não fico cansado e vou para os bailões dançar. É o que mais gosto de fazer _ conta sorridente.
Nossa Gente
Seu Otílio, o gari 'sete calças' trabalha na Codeca, em Caxias do Sul, há 23 anos
Nesta sexta, servidor de 69 anos comemora o Dia do Gari trabalhando
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