
Na manhã desta terça-feira, uma equipe da Fundação de Assistência Social (FAS) visitou os domiciliados sob a marquise do prédio desocupado, no bairro São Pelegrino. O casal que vive em um dos puxadinhos, feito de lençóis, lonas e caixas de papelão, recusou o convite de transferência para um abrigo da prefeitura.
O Pioneiro conversou com o homem e com a mulher que, há uma semana, fixaram residência em uma das barracas. Pediram para que suas identidades fossem preservadas, pois suas famílias, de Garibaldi e São Marcos, não sabem que moram na rua. Ela, 33 anos, e o companheiro, 30, vieram para Caxias do Sul há três anos em busca de emprego. Residiam em São Marcos e trabalhavam no campo como cuidadores de cavalos. Mas, chegando aqui, encontraram dificuldades em arrumar trabalho.
- Viemos para cá pensando em ganhar mais. Mas as necessidades chegaram, começamos a catar latinhas e papelão e fomos nos acomodando. Já moramos ao lado do BIG, em uma construção no bairro Vale Verde e agora estamos aqui. Não incomodamos ninguém. Saímos de manhã cedo e voltamos só à noite - conta.
A catadora explica que, junto com o companheiro, consegue arrecadar cerca de R$ 20 por dia juntando latinhas de alumínio e papelão. Além disso, ganha roupas e comida de uma vizinha, que diariamente deixa um pote lacrado na entrada do prédio. Tomam banho frio em uma torneira e para outras necessidades utilizam os banheiros públicos.
A mulher confessa que enfrentam muitos problemas por serem moradores de rua. O principal deles é o preconceito da sociedade:
- Não pedimos dinheiro na rua. Estamos fazendo o nosso trabalho. E, mesmo assim, nos confundem com usuários de drogas e ladrões. Os policiais nos tratam como animais, são mal-educados e preconceituosos. Diversas vezes, nos acordaram aos chutes. Vamos embora daqui, voltar para a nossa cidade.