Diariamente, as instalações do Instituto de Medicina do Esporte (IME) da Universidade de Caxias do Sul recebem uma turma interessada em cuidar muito bem da saúde: são pessoas com problemas cardíacos, pulmonares, hemofílicos e soropositivos.
No IME, eles fazem exercícios orientados, recebem atendimento fisioterapêutico e suporte psicológico. Atualmente, o instituto mantém cerca de 300 pessoas em grupos de reabilitação, encaminhados por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) ou por convênios com planos de saúde.
O representante comercial Darci Poli, 67 anos, faz exercícios na academia de musculação há cerca de três anos. Há 13 anos, ele recebeu o diagnóstico de enfisema pulmonar, resultado de 40 anos em que manteve o hábito de fumar.
- Eu sempre digo que troquei 40 anos de cigarro pela academia. Antes de começar a fazer exercício, eu não conseguia subir uma lomba perto da minha casa sem parar para descansar diversas vezes. A falta de ar também limitou bastante as minhas atividades de lazer ao ar livre. Hoje, consigo caminhar sem ficar tão cansado, trabalho e tenho uma vida normal. É muito bom vir aqui, o pessoal cuida muito bem da gente - revela.
Quem também conquistou mais independência no grupo de DPOC (sigla para denominar pessoas que têm doença pulmonar obstrutiva crônica) do IME é o aposentado David Mapelli, 80, que sofre de asma e têm dificuldades para respirar.
- Não é fácil a gente se acostumar, mas é necessário. Antes de fazer exercício, eu tinha muito mais dificuldade para respirar, as crises eram mais frequentes. Agora eu faço musculação, caminho e estou me sentindo bem melhor - atesta.
Médico do esporte no IME, Henrique Pinheiro reforça a importância da prevenção por meio da atividade física.
- O exercício é o melhor remédio que existe. Ele ajuda a reduzir a pressão arterial, os riscos de infarto, previne o câncer, reduz dores, melhora a insônia e colabora para aumentar a expectativa de vida... Hoje, o sedentarismo é um fator de risco mais importante do que o cigarro. No caso dos cardiopatas, o exercício reduz a chance de novos infartos. É recomendável, inclusive, que a reabilitação física se inicie dentro de duas semanas para pessoas que implantaram stent, fizeram cirurgia de ponte safena e tiveram enfarte - recomenda.
Ao contrário de uma academia comum, os profissionais que trabalham com a reabilitação têm conhecimentos específicos para lidar com esse público especial.
- A gente conhece a medicação que eles tomam e a sua rotina, por exemplo, para detectar alguma interferência na hora de fazer a atividade física - explica o educador físico Gabriel Sefeld.
>> Esta reportagem integra a bandeira Saúde, Prevenção faz Bem, lançada pelo Pioneiro em 2014. Sugestões de projetos públicos e privados sobre o tema podem ser enviadas pelo e-mail eliane.debrum@pioneiro.com ou pelo telefone (54) 3218.1306.