Teste do Pioneiro em oito trechos de cinco rodovias importantes na Serra mostra que poucos trechos estão conservados. Entre sábado e domingo, a reportagem percorreu 376 quilômetros de estradas.
O resultado é previsível. A Rota do Sol, entre Caxias do Sul e Lajeado Grande, emerge como uma das piores: além das crateras, a sinalização horizontal inexiste em diversos pontos. Nas demais rodovias, a situação também é crítica, mas as condições de trafegabilidade são razoáveis porque não há buracos.
A boa notícia é que obras do Crema/Serra finalmente começaram na RSC-470, em Nova Prata, mas apenas em um trecho de dois quilômetros. Os trabalhos podem ser vistos na ERS-122, em Campestre da Serra, outra estrada contemplada pelo programa. Abaixo, as condições gerais de cada rodovia.
ERS-122 (Caxias do Sul a Antônio Prado)
Sinalização (horizontal e placas): o trecho possui boa sinalização horizontal (pintura na pista), com faixas demarcando os pontos de ultrapassagem proibida e tachões marcando proximidades de trevos de acesso a Flores da Cunha e Antônio Prado. A sinalização de placas (indicando curvas, proibição de ultrapassagem, limite de velocidade e acessos secundários) é regular, embora haja trechos importantes como os Km 98, 106 e 125 em que a vegetação cresceu tanto que não é possível visualizar as placas.
Condições da pista: o pavimento é regular, com vários trechos remendados, desníveis e buracos no acostamento e na cabeceira da ponte sobre o Rio das Antas (Km 82, 84, 88 e 109). O principal problema, no entanto, são afundamentos na pista, principalmente na borda externa junto ao acostamento, formando montes de asfalto desmanchado, brita e pedras. A reportagem encontrou pontos assim próximo a São Gotardo (Km 91), próximo à Tenda do Tiriba, nos Kms 103, 109, 111 e 115 (próximo a Capela São João).
Obras: não há obras. A EGR, que administra o trecho, tem contrato com a empresa M.G. Serviços para operações tapa-buracos e capina desde o dia 12 de outubro, mas ninguém foi visto fazendo reparos. O recapeamento definitivo ainda está sem previsão porque não houve interessados na última licitação lançada em outubro.
Limpeza/manutenção do acostamento: há vários trechos onde o acostamento está tomado pela vegetação, que cresce viçosa sobre placas (Kms 98, 106 e 125) e no trevo do Km 86.
Total percorrido: 46,4 km.
ERS-122 (Antônio Prado a Campestre da Serra)
Sinalização (horizontal e placas): a partir do trevo de Antônio Prado (Km 128) a sinalização está muito precária: a pintura da pista praticamente inexiste (como no Km 133) e quase não são vistas placas avisando sobre curvas, quilometragem e acessos secundários. As poucas placas que resistem estão caindo ou enferrujadas (Km 129, próximo à entrada secundária de Ipê).
Condições da pista: a situação da pista é bastante ruim, com remendos (Km 155), desníveis, asfalto descascando (Kms 134 e 144) e, como no trecho anterior, dezenas de pontos com afundamentos junto ao acostamento (Kms 135, 141).
Obras: como o trecho integra o pacote do Crema/Serra, há obras nos últimos dois quilômetros (por volta do Km 170), quase no entroncamento com a BR-116. Um trecho de 900 metros já está com as duas pistas recapadas e outro, de cerca de 300, com apenas um lado coberto. Ninguém foi visto trabalhando no sábado pela manhã. Também há pouca sinalização, principalmente indicando desníveis (que chegam a oito centímetros).
Limpeza/manutenção do acostamento: apesar da visível falta de manutenção, os acostamentos não estão com vegetação alta, fruto principalmente de a região ser plana e sediar lavouras e propriedades rurais.
Total percorrido: 44 km.
BR-116 (Campestre da Serra a Caxias do Sul)
Sinalização (horizontal e placas): o primeiro trecho, do Km 58 ao 79, em Campestre da Serra, administrado pela RodoSul Rodovias, está impecável. Há pintura nova nas pistas, na entrada de pontes e de acessos secundários, placas novas, tachões. Após o fim do trecho concedido, no Km 80, a sinalização horizontal existe, embora seja antiga e esteja desgastada. A situação segue até o início do perímetro urbano de São Marcos e depois no trecho até Ana Rech, já em Caxias. A sinalização de placas existe, mas trechos importantes como os Km 82, 88, 91, 102, 105, 117, 119 e 140 a vegetação cresceu tanto que não é possível visualizar as placas no acostamento.
Condições da pista: assim com a sinalização, a pista no trecho pedagiado é muito boa, sem buracos ou desníveis. Assim que passamos Campestre da Serra, a pista começa a ter desníveis devido aos remendos, embora não haja buracos. A ponte sobre o Rio das Antas, no Km 95, segue sem as muretas, arrancadas no dia 21 de outubro quando uma carreta perdeu o controle. Até São Marcos a estrada segue regular, com alguns desníveis, mas também sem buracos. A partir do fim do perímetro urbano da cidade até Ana Rech, a estrada está repleta de pontos com asfalto descascado e remendos que deixam desníveis incômodos. Não foram vistos buracos significativos
Obras: não há obras. Aparentemente, o posto da Polícia Rodoviária Federal no Km 110 está abandonado
Limpeza/manutenção do acostamento: até Campestre da Serra, o acostamento está todo roçado e limpo. A partir do Km 80, a vegetação tomou conta das laterais, agravando a falta de visibilidade em decorrência das pistas estreitas na descida até o Rio das Antas e depois até São Marcos. Em alguns pontos, trepadeiras chegam a avançar sobre a pista, no topo das árvores, formando corredores verdes.
Total percorrido: 87,6 km.
RSC-453 (Caxias do Sul a Lajeado Grande)
Sinalização (horizontal e placas): a sinalização horizontal é antiga. Está mais nítida na parte central, onde divide as pistas, mas praticamente inexiste nas laterais, onde demarca o início do acostamento. Com relação às placas, a situação é regular. Há peças novas e algumas enferrujadas e caindo, como no Km 194.
Condições da pista: a situação até o Apanhador (Km 175) está bem ruim. Há buracos, pista descascada e remendos em desnível. Assim, a condição de dirigibilidade é muito ruim, com solavancos frequentes. Os piores trechos estão entre os Kms 153 a 155, entre a entrada de São Brás e Fazenda Souza, 160, 162, 166, 167, 171 ao 173. Na sequência, até Lajeado Grande também há intervalos ruins nos Kms 185, 189 e 190.
Os motoristas também devem ficar atentos porque há pedregulhos soltos no leito da rodovia (principalmente até o Apanhador) e que podem atingir o para-brisa dos veículos.
Obras: o trecho está dentro do pacote do Crema/Serra, mas não foram vistos trabalhadores nem obras
Limpeza/manutenção do acostamento: apesar de a empresa contratada pelo Estado por meio do Crema/Serra já ter feito a roçada, o mato cresceu bastante e está novamente alto em vários pontos. Um exemplo é o trevo de acesso a Lajeado Grande (Km 202), tomado pela vegetação.
Total percorrido: 60 km.
ERS-122 (Caxias do Sul a São Vendelino)
Sinalização (horizontal e placas): entre Caxias do Sul e Farroupilha está conservada, mas a partir de Nova Milano em direção a São Vendelino, o desgaste da sinalização horizontal e de parte das placas é maior. Em alguns pontos, é possível encontrar com os letreiros apagados.
Condições da pista: não há buracos, mas os remendos, afundamentos e desníveis de pista são recorrentes, o que exige velocidade moderada. A boa notícia é a conclusão dos reparos no Km 43 (sentido Farroupilha-São Vendelino) onde parte do asfalto cedeu em 2011.
Obras: não há trechos em obras. A manutenção da rodovia é de responsabilidade do Daer.
Limpeza/manutenção do acostamento: a vegetação encobre muitas placas entre Farroupilha e São Vendelino e avança sobre o acostamento. O problema é maior entre os Km 43 e 47. Em alguns pontos, a sinalização que alerta sobre a sequência de curvas perigosas está encoberta.
Total percorrido: 30 km.
ERS-446 (São Vendelino a Carlos Barbosa)
Sinalização (horizontal e placas): regular. Em alguns pontos, as placas estão bem conservadas bem como a sinalização horizontal. Mas há trechos em que o motorista tem dificuldade para identificar a divisão das pistas.
Condições da pista: não há buracos, mas entre os quilômetros 1 e 2, a rodovia tem remendos e afundamento da pista. No Km 4, há degraus entre a estrada e o acostamento. Há trechos onde o asfalto foi recapeado como é o caso do Km 10.
Obras: trecho sem obras, apenas com manutenção do Daer.
Limpeza/manutenção do acostamento: a rodovia não tem muitos acostamentos, o que dificulta a parada de veículos. Nos espaços disponíveis, há sujeira e degraus, o que torna as manobras de saída e retorno de pista mais difíceis. A limpeza da vegetação também é irregular uma vez que placas estão encobertas pelo mato.
Total percorrido: 15 km.
RSC-470 (Garibaldi a Nova Prata)
Sinalização (horizontal e placas): a falta de cuidados é evidente. No acesso ao distrito de Faria Lemos, em Bento Gonçalves, por exemplo, há três placas caídas no acostamento. O problema se repete em outros pontos da rodovia. No Km 207, onde houve recapeamento do asfalto, não há demarcação das faixas, o que potencializa acidentes especialmente à noite. Também não há informações sobre alguns retornos ou acessos ao longo da estrada.
Condições da pista: no trecho entre Garibaldi e Bento Gonçalves, a pista está deteriorada e com sinais de trincamento severo (que podem levar ao surgimento de buracos). No entroncamento com a RSC-453, a pista no sentido Garibaldi-Bento tem ondulações e sujeira acumulada. Entre Veranópolis e Vila Flores, o asfalto está em boas condições, mas a precariedade ressurge entre Vila Flores e Nova Prata.
Obras: a rodovia integra o pacote de obras do Crema/Serra. Uma empreiteira já está trabalhando entre os quilômetros 152 e 154, em Nova Prata. O asfalto velho está sendo retirado para ser substituído por nova pavimentação.
Limpeza/manutenção do acostamento: os trechos urbanos da rodovia estão roçados, mas a vegetação invade o acostamento entre Bento e Veranópolis. Há placas encobertas pelo mato em diversos pontos.
Total percorrido: 75.
RSC-453 (Garibaldi a Farroupilha)
Sinalização (horizontal e placas): irregular. Em alguns pontos, foram colocadas placas novas, mas há trechos com placas caídas ou deterioradas como é o caso do entroncamento com a RSC-470. A sinalização horizontal também está desgastada ou inexiste em boa parte da estrada.
Condições da pista: apesar do desgaste da pavimentação, não há buracos, apenas muitos remendos e ondulações.
Obras: o trecho não está incluído no Crema/Serra, mas as lideranças da região cobram a duplicação da rodovia para melhorar o escoamento da produção e reduzir os acidentes.
Limpeza/manutenção do acostamento: irregular. Há trechos em que a vegetação está roçada e há outros pontos em que o mato encobre placas e avança sobre o acostamento, dificultando a parada de veículos.
Total percorrido: 18 km.