Luana, 19 anos, está empenhada em abrir a mente das pessoas em torno da adoção. Quer ser mais uma voz a romper mitos, abraçar campanhas e estimular famílias no acolhimento de jovens mantidos em instituições Brasil afora. Para isso, ela o embasamento teórico no curso de Serviço Social para corroborar a prática que sobra no currículo.
Saiba mais sobre a história de Luana:
Luana viveu em um abrigo dos cinco aos 16 anos em Caxias do Sul. Compreende melhor do que ninguém o significado da solidão e da ausência de família.
No auge da adolescência, parecia conformada com a possibilidade de tocar a vida sozinha. Mas um dia foi chamada para estágio como auxiliar de professora em uma escolinha infantil. Lá topou com Marina e Gilson, donos do estabelecimento. O casal projetava o futuro com filhos biológicos, mas mudou de conceito com a presença de Luana.
A vida deu uma guinada. Em setembro de 2010, ela já estava morando com Marina e Gilson graças à guarda provisória concedida pelo Juizado da Infância e da Juventude. O casal compreendeu que não poderia viver longe da adolescente e optou pela adoção. Mas a pouca diferença de idade entre pais e filha se transformou em um processo inédito em Caxias. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) determina que uma criança ou adolescente só pode ser incluído em família substituta se tiver, no mínimo, 16 anos a menos dos que os pais adotivos. No caso dela, a diferença é de 12 anos em relação a Gilson e de 13 anos em relação a Marina.
No início deste ano, a jovem ganhou o direito de assinar os sobrenomes Dallegrave e Bolfe dos pais. A favor da família pesou a relação construída em três anos de convivência. A decisão abriu precedentes para outros adolescentes na mesma situação, algo do que a jovem se orgulha.
Com o apoio de Marina e Gilson, Luana quer retribuir e fazer a diferença. Organiza festas para os meninos e meninos do abrigo onde morou 11 anos. Quando é possível, apresenta famílias aos pequenos.
Se a rotina sob a tutela do Estado despertou a consciência de cidadã, a vida em família lhe proporcionou a tranquilidade que tanto sonhava. Antes, a adolescente ignorava o Dia das Crianças ou o Natal. Hoje, tais datas têm sabor.
Luana e os pais também saíram fortalecidos. Enfrentam o preconceito de outros em relação a idade e a cor da pele com elegância.
- Uma família não é definida apenas pelo sangue. Um família vive da união e do amor - resume a jovem.
Adoção
Marina e Gilson enfrentaram o preconceito para obter a guarda de Luana em Caxias do Sul
Jovem viveu dos cinco aos 16 anos em um abrigo
Adriano Duarte
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