O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) regularizou recentemente a circulação de bicicletas elétricas. Era o que faltava para o possível convênio entre município e Rio Grande Energia (RGE) avançar. A proposta de aluguel de 200 bicicletas, sendo 100 de velocidade controlada até 25km/h, aguardava a garantia de que não seria necessário habilitação para dirigir as e-bikes.
Com equipamentos adequados para o relevo acidentado da cidade, grupos de ciclistas questionam o quanto as intervenções de mobilidade da prefeitura tornarão as bikes um meio de transporte. Na opinião de grande parte dos condutores, a proposta de uma ciclovia na Rua Luiz Michelon, que fará a ligação da região Cruzeiro à Estação de Transbordo do Imigrante, é pouco eficaz para quem quer se locomover com a magrela.
Para o idealizador do Movimento Massa Crítica, Luciano Pacheco, 40 anos, a prefeitura deve deixar de levantar isso como uma grande ação, já que a previsão é que o trecho tenha apenas 300 metros.
- Esse projeto reforça o descaso do município em ouvir quem quer andar de bicicleta. Precisamos urgente de um espaço na área central para mobilidade. É isso que tem que se providenciar, e não projetos paliativos - enfatiza.
Pacheco defende que as ruas centrais, como Sinimbu, Pinheiro Machado e Vinte de Setembro, podem receber uma ciclovia, sim. O projeto levantado pela Massa Crítica é reduzir meio metro de cada faixa das ruas, resultando em uma via exclusiva de um metro de largura. O usuário de e-bike há dois anos, Saul Zaniol, 60 anos, concorda que o trânsito no Centro só será solucionado quando houver ciclovias na região central.
- As pessoas que usam carro querem a liberdade que o ônibus não dá. Então só vai diminuir o número de carros do Centro quando a prefeitura proporcionar a locomoção individual, por meio da bicicleta - destaca o ciclista, que em um ano usando a e-bike como transporte já perdeu quase 10 quilos e melhorou o problema de pressão alta.
O Secretário de Trânsito, Transportes e Mobilidade Zulmir Baroni Filho justifica que a ciclovia na Luiz Michelon é só um embrião do transporte intermodal _ que liga transporte coletivo e bicicletas_ a ser implementado a longo prazo. Baroni sugere que as vias exclusivas para bikes devem ser ligadas às oito estações de transbordo previstas na troncalização do transporte coletivo. Tanto que os postos de aluguéis das e-bikes deverão ser colocados próximos as estações de transbordo do Floresta e do Imigrante, já em construção.
- A contrapartida do município com a RGE será dispor de infraestrutura para implementar o uso de e-bikes nas vias. Então, é certo que haverá a via dos ciclistas. Nada pode ser pensado de forma individualizada - defende.
Exigências para usar a e-bike
O Contran determinou que para o veículo ser considerado bicicleta elétrica e não ciclomotor, a assistência do motor deve ser apenas por meio do pedal . Os modelos devem ter sinalização noturna (dianteira, traseira e lateral), espelhos retrovisores e buzina. A potência máxima deve ser de 350 watts, e a velocidade não pode passar dos 25 km/h. O usuário não precisa utilizar um capacete de motociclista, mas o de ciclista. Também não é mais obrigatória a carteira de habilitação na categoria "A", de motocicletas. Dessa forma, o ciclista fica isento do pagamento do seguro obrigatório (DPVAT) para rodar com a e-bike. O mercado oferece mais de 10 modelos de bicicletas elétricas. Os preços variam de R$ 2 mil a R$ 6 mil, dependendo da marca e dos assessórios opcionais.
Possível convênio com a RGE
Projeto com a RGE prevê 200 bicicletas, metade da frota elétrica assistida. O modelo recebe energia apenas morro acima. Ao atingir 25Km/h, a energia é interrompida. Elas ficarão nas estações de transbordo do Imigrante e do Floresta, em fase de conclusão, e nas principais paradas de embarque de ônibus, totalizando 20 pontos. O cidadão se cadastrará e, por meio de cartão magnético, comprará créditos para ter acesso à bicicleta. A e-bike poderá ser deixada em qualquer outro ponto do sistema. Após resolução do CONTRAN, falta a RGE e município assinarem acordo, dando início ao conselho que coordenará o projeto.
Mobilidade
Com bikes elétricas regularizadas pelo Contran, ciclistas reivindicam ciclovias no Centro de Caxias
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