A cem dias da abertura oficial da Festa Nacional da Uva 2014, o foco da organização segue na divulgação. Recentemente, a Comissão Comunitária anunciou um forte plano de marketing para envolver a comunidade caxiense. A principal novidade lançada foi a campanha Caxias na Festa, que propõe a troca do ingresso em bônus para compras no comércio.
Confira o que disse em entrevista o presidente, Edson Néspolo, sobre os planos para Festa da Uva.
Pioneiro: A Festa da Uva é o símbolo de uma Caxias do Sul italiana. Cada vez mais, porém, a cidade recebe etnias diversas. Para que a festa não perca sua identidade, abrigar toda essa diversidade (como diz o slogan) é um desafio?
Edson Néspolo: É um grande desafio. Os turistas, a grande maioria, gostam de vir para ver a nossa tradição, origem, cultura italiana, mas a gente tem que celebrar o fato da nossa cidade ter crescido com a diversidade. Já temos os adesivos aí (circulando em 11 idiomas), e nas campanhas de final de ano trabalharemos com fotografias de diferentes etnias para divulgar a festa. Na festa, teremos os grupos de dança, folclóricos. O desfile é outro segmento que vai retratar bem essa diversidade.
Pioneiro: Qual a principal diferença entre a festa 2014 e as edições anteriores?
Néspolo: Acredito muito nos ambientes temáticos. Nós queremos que esses espaços sejam lúdicos. Para uva, por exemplo, queremos trazer mais glamour na exposição e ao longo da festa. O infantil, particularmente, estou apostando muito e acho que vai ser um diferencial (terá um palco para crianças e um parque em parceria com a Florybal). Então, teremos o espaço da uva, infantil, colônia e das vinícolas. São espaços nobres que vão se sobressair pela ambientação.
Pioneiro: Há um plano B caso o comércio não abrace a ideia de zerar o preço do ingresso nos pavilhões? Qual seria?
Néspolo: Está tudo tão bem montado que eu não acredito no insucesso. Tivemos na última festa uma venda de sete mil ingressos antecipados e, em anos anteriores, de 80 mil. Acho que chegando em um número intermediário daremos um grande salto. Eu não imagino, de maneira nenhuma, que a gente não vá conseguir vender menos de 50 mil ingressos antecipados. Mas a meta é vender 100 mil até dia de abertura da Festa da Uva.
Pioneiro: O que você pode adiantar do desfile da Sinimbu?
Néspolo: O desfile terá o mesmo perfil do último, será cênico-musical. A gente tem de reconhecer que foi um desfile que deu muito certo, por isso, o perfil será mantido. Teremos carros alegóricos diferentes, com um trabalho maior em cima da diversidade.
Pioneiro: Por que os desfiles não migram para os Pavilhões?
Néspolo: Pela experiência que temos, é inviável fazer desfile no sábado e domingo dentro dos pavilhões. No fim de semana lota, praticamente, todo o parque. Particularmente, sei que são oito dias de transtorno a cada dois anos, mas eu defendo que o desfile tem de permanecer no Centro, onde é o coração da cidade. É um símbolo que já está identificado com aquela região.
Pioneiro: Muitos gaúchos que vêm para a Serra, principalmente da região metropolitana de Porto Alegre e do Vale do Rio Pardo, independente da Festa da Uva, querem massa, copa ou salame, queijo e vinho da colônia (de mesa). Esse "kit-gringo" estará na festa de 2014?
Néspolo: Vai estar, mas creio que não tão presente dentro dos pavilhões. Isto porque os espaços são comercializados, aliás, todo o espaço da gastronomia está comercializado. Mas o Salão Paroquial terá restaurante típico. Nos sábados e domingos com almoço tradicional da colônia e no fim de tarde com café colonial.
Pioneiro: A parceria com grandes empresas e patrocinadores está dentro da expectativa?
Néspolo: Está bem positivo. Um ano de crise, com dificuldades, mas tivemos muita sorte com os patrocinadores master. Os três nos deram uma segurança grande. Este também foi o ano em que mais conseguimos aprovar projetos de captação. Tivemos uma aprovação, entre a Lei Rouanet e a Lei de Incentivo da Cultura na ordem de R$ 4,8 milhões. A venda de espaços já superou as expectativas e acho que está tudo bem encaminhado.
Pioneiro: Qual será o valor investido na Festa da Uva e quanto esperam lucrar?
Néspolo: Serão investidos R$ 14 milhões. A festa tem de ser vista assim: se tem uma entrada boa de receita, a gente tem oportunidade de investir mais em mídia, publicidade e divulgação. E isso não impacto só na festa, mas na rede hoteleira, restaurantes, prestação de serviços, em toda comunidade. Então, maior do que o lucro em si, o importante é o que ela gera para cidade.
Pioneiro: Como será a estrutura dos pavilhões?
Néspolo: O Centro de Eventos ficará com a exposição de uvas e as grandes empresas, patrocinadores. O Pavilhão 1 será o mais comercial. Terá o espaço infantil, com venda de produtos e divulgação de empresas. O pavilhão também terá expositores de uva no meio do caminho, área de repouso com massagistas, prestação de serviços aos visitantes. E o Pavilhão 2 terá uma grande restruturação. Terá espaço das colônias, degustação de uva, grande quantidade de veículos, vinícolas, espaço tradicionalista e gastronomia. Vamos mudar a distribuição das uvas, que não ocorrerá mais na parte de baixo. Quando as pessoas estiverem chegando, na descida, já vão receber a uva. No mirante terá um palco para shows.
Pioneiro: Como será o espaço dedicado ao interior?
Néspolo: Queremos o lado lúdico do interior. Queremos uma ambientação bem típica da nossa colônia, com moinho d'água, com pessoas confeccionando chapéu de palha, dressa, mulheres fazendo crochê, a culinária, os jogos de bodega. Neste ano, o espaço do interior vai ficar na entrada do Pavilhão 2.