Até 2012, cinco hospitais de Caxias do Sul disponibilizavam 21 leitos de UTI pediátrica, sendo que 13 recebiam pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Com a publicação da Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) nº 7 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o número de vagas nessas UTIs caiu para 18 em agosto do ano passado, com o fechamento da unidade no Hospital Saúde, e, dentro em breve, deve encolher ainda mais, chegando a 14 (nove pelo SUS) com a extinção do serviço no Hospital Pompéia.
O principal problema do encolhimento do serviço, afirmam fontes consultadas pelo Pioneiro, é a enorme carência de médicos pediatras para atuar na área, problema que se repete em todo o país.
A RDC 7, publicada em fevereiro de 2010, determina novas regras para o melhor funcionamento das unidades de terapia intensiva, impactando principalmente na questão da infraestrutura física e de recursos humanos. Neste último caso, por exemplo, as UTIs adulto, neonatal e pediátrica devem ocupar salas distintas e exclusivas, com médicos intensivistas próprios em regime de plantão e diarista, obedecendo o limite de 10 pacientes por profissional.
Em vários hospitais da cidade, porém, os profissionais vêm atendendo as UTIs neonatal e pediátrica de forma mista, ou seja, como se fossem uma única unidade, o que permite que o trabalho seja executado com menos pessoal.
Mesmo sem UTI pediátrica, o Saúde segue prestando atendimento pediátrico de urgência, direcionando as crianças para outras instituições quando a UTI é necessária. A situação, porém, vai mudarr. Conforme o gestor, o grupo de médicos do Plantão da Criança, credenciados para atender urgências no Saúde, rescindiu o contrato e o hospital não prestará mais o serviço a partir do dia 1º de dezembro.
No Pompéia, o maior hospital público da Serra, o diretor técnico Mario Fedrizzi afirma que a decisão partiu dos pediatras intensivistas que prestam serviço à instituição. O diretor revela que os médicos deram prazo de 90 dias para a situação ser resolvida. O prazo se esgota em novembro.
- Para que as UTIs possam continuar funcionando de forma razoável na cidade, seriam necessários pelo menos mais dois médicos. Até quando vai o atendimento no Pompéia? Depende da conversação que estamos tendo com o município e com os pediatras. Mas uma coisa é certa: no futuro, o Pompéia não terá mais UTI pediátrica. Quando é esse futuro, não sabemos exatamente, mas não será em um futuro distante - complementa Fedrizzi.
O fechamento das vagas de UTIs pediátricas no Saúde e, em breve, no Pompéia joga as atenções aos hospitais Geral e do Círculo. O HG vive situação complicada desde o último dia 30 de outubro, quando o grupo de 11 intensivistas decidiu pedir demissão diante das condições e carga de trabalho, consideradas inadequadas. Conforme a direção do HG, o setor de recursos humanos havia recebido até sexta-feira o pedido oficial de desligamento de dois profissionais.
A secretária municipal da Saúde, Dilma Tessari, também afirma que existe um grande empenho de todos - médicos, hospitais, município e Estado - em buscar soluções.
- Não há motivo para assustarmos a população. Há vagas ociosas porque a demanda não ocupa todos os leitos. Mas tenho certeza que vamos encontrar uma saída para o problema - garante Dilma, acrescentando que a reunião para tratar sobre o assunto, marcada para o dia 13, foi transferida para o dia 20 em função de problemas de agenda do representante do Estado.
Confira reportagem completa sobre a situação das UTIs pediátricas em Caxias do Sul no Pioneiro desta terça-feira.