O 9º Campeonato Brasileiro de Quatrilho, que ocorre neste sábado no Centro de Eventos da Festa da Uva, em Caxias do Sul, é uma boa oportunidade para aprender um pouco mais sobre esse jogo de cartas. A modalidade foi trazida pelos imigrantes no século 19, inspirou a literatura e continua sendo passada de geração a geração. Na Serra, o jogo se rivaliza em popularidade com outros carteados da moda, como o Pôquer.
Jogado em quatro pessoas, com um quinto participante que distribui as cartas de baralho do tipo espanhol, o Quatrilho chama a atenção por um detalhe: é obrigatório a troca de parceiro a cada jogada. Ao contrário do que desavisados podem imaginar, a tática não remete à traição. O objetivo é dar mais dinâmica à disputa, que terá apenas um ganhador.
A ideia de um campeonato para escolher o melhor jogador surgiu em Iomerê (SC) há quase 10 anos. Adeptos fundaram a Associação Brasileira dos Amigos do Quatrilho e elaboraram o regulamento após três meses de reuniões. Em 2005, ocorreu a primeira competição oficial com participantes dos três Estados do Sul e de Mato Grosso e São Paulo. Por ter muitas regras, alguns especialistas do Quatrilho o definem como o xadrez do baralho. Mas, antes de tudo, é um jogo de parceiros.
A competição em Caxias do Sul deve reunir mais de 250 jogadores. Presidente da Festa da Uva, Edson Nespolo diz que essa é uma maneira de integrar os adeptos e resgatar as origens de esporte de bodega. Serão cinco rodadas: duas pela manhã e três à tarde. Vence quem somar mais pontos. O primeiro colocado receberá R$ 4 mil e haverá outras premiações em dinheiro, troféus e medalha para os primeiros colocados. A inscrição custa R$ 80 e as vagas são limitadas.
As regras são complexas para iniciantes, o que só desperta mais curiosidade. Durante o jogo, os participantes não podem falar, a sinalização das cartas é feita somente com toques na mesa, o que exige muita atenção. Mas, ao final da rodada o silêncio cede lugar para a algazarra, com espaço para acaloradas discussões sempre em tom de brincadeira. Na quarta-feira, o presidente da Associação Brasileira dos Amigos do Quatrilho, Sérgio Gabrielli, e outros praticantes se reuniram no museu Casa de Pedra para demonstrar as nuances do jogo.
- Para aprender tem que observar bastante. Não é fácil mesmo, mas foi assim que aprendi ainda quando criança lá na colônia em Santa Lúcia do Piaí. Ele é parecido com o três-sete - conta o comerciante Wilson Bonalume, 54 anos, que se diverte toda semana ao lado de outros amigos no Grêmio Esportivo Gianella, em Caxias.
Informações: (54) 3207.1166 ou 9173.6484