O casal Jolar e Maureen Spanenberg se mudou de Ijuí para Caxias do Sul em 1993. No ano seguinte, a primeira grande surpresa. Uma forte neve na cidade brindou aquele recomeço de vida.
Junto com os três filhos, os dois saíram correndo de casa para aproveitar o fenômeno natural. Imaginavam que a partir de então seria a rotina anual na Serra. Essa expectativa foi frustrada aos poucos.
>> Na galeria de fotos, confira a neve na história de Caxias do Sul
>> Leitores registraram a neve e enviaram as fotos
>> Na galeria de fotos, uma Caxias do Sul que amanheceu coberta de neve
>> Os registros de foto da neve na madrugada de terça-feira em Caxias
>> As imagens do começo da neve em Caxias na noite de segunda
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Ao longo destas cerca de duas décadas, poucas vezes a neve caiu tão forte como naquele 1994. Um jejum que durou até a terça-feira. Claro que os dois nem se intimidaram com a temperatura baixa e acordaram cedo para relembrar os tempos em que chegaram em Caxias do Sul.
A saudade começou a ser aplacada ainda na noite anterior, por volta das 20h30min, com pequenos flocos misturados à chuva, que foram vistos apenas em alguns pontos de municípios da região. Foram aumentando em quantidade e tamanho no decorrer das horas. À meia-noite e início da madrugada de terça, o evento meteorológico se intensificava. Persistiu durante toda a noite até o início da manhã, quando grande parte dos municípios da Serra amanheceu pintada de branco.
>> No vídeo, amigos se divertem fazendo snowboard nos Pavilhões da Festa da Uva
A natureza admirada pelo comerciante Jolar e pela enfermeira Maureen foi vista em pelo menos outros 24 municípios do Rio Grande do Sul, sendo 18 deles na Serra gaúcha. E a quarta-feira pode amanhecer com este número ainda maior, já que a meteorologia previa neve novamente para a madrugada. Terça foi mesmo o dia de matar a nostalgia.
Que o diga a aposentada Rosa Calabró, 71. Imigrante italiana, ela veio para o Brasil junto com os pais quando tinha 10 anos de idade.
>> No vídeo, o registro da neve na madrugada de terça-feira em Caxias do Sul
Natural de La Maddalena, na ilha da Sardegna, Rosa era acostumada com a neve quando residia na Europa. Lembra do tempo quando sua mãe tirava a neve da estrada e fazia um trilho para as crianças passarem para ir à escola. Ao chegar no Brasil, pôde testemunhar a ocorrência do fenômeno em algumas oportunidades, com incidência bem menor do que na Itália. Rosa lembra bem de uma das maiores neves registradas em Caxias, em 1965. Ao comparar com a de ontem, ela responde com segurança.
- Aquela foi bem maior, chegava a meio metro de altura - descreve. A de terça acumulava pouco mais de dois centímetros, pelo menos nas mesas ao ar livre nos Pavilhões da Festa da Uva. Ao mesmo tempo em que Rosa matava a saudade, perto dali três crianças eram apresentadas à neve. No gramado coberto de neve nos pavilhões, elas escorregavam morro abaixo do alto da réplica da antiga igreja.
- É bem legal, até brincamos de nos jogar neve - conta o estudante Heitor Deschamps, 8 anos, que estava com as irmãs gêmeas Isis e Sofia, 5, e a mãe, Fabiana Fachinelli, 44. Enfim, foi um dia de encontros e reencontros com a natureza.
Nostalgia
Terça foi o dia de matar a saudade da neve em Caxias do Sul
Confira relatos de moradores da cidade que registraram o fenômeno
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