Devido a problemas com cães em Caxias do Sul, os Correios suspenderam a entrega de correspondências em 12 ruas. Os pontos atingidos até agora ficam nos bairros São Caetano, Forqueta, Desvio Rizzo, Salgado Filho, Esplanada e Nossa Senhora das Graças. Pelo menos seis carteiros sofreram ataques de cães em 2013.
>> No vídeo, conheça os cães e veja o relato das moradoras da rua
Apesar de não figurar ainda na lista dos Correios, a Rua Giácomo Seben Segundo, no bairro São Cristóvão, está com o serviço irregular nos últimos dois meses. Isso se deve a três cães _duas fêmeas e um macho _ que não são amistosos com a carteira que presta serviço no trecho de 200 metros de extensão.
Os bichos da Giácomo, que ladram também para vendedores, motoqueiros ou pessoas estranhas, são de rua. Apareceram ali, possivelmente abandonados por seus antigos donos. Os vira-latas, porém, recebem cuidados especiais na vizinhança. Ganham comida e tratamento veterinário quando ficam doentes. No entanto, ninguém os adota em definitivo porque já tem bicho ou não tem espaço no pátio.
Prejudicados com a não entrega das correspondências, os moradores da Giácomo pedem que as autoridades resolvam a situação. Só que a solução está distante.
- Perguntei nos Correios por que não vinha mais a correspondência, disseram que era por causa dos cachorros. Comecei a pegar as correspondências no Centro de Distribuição, em Lourdes. Liguei um dia para a prefeitura e alegaram que nada poderia ser feito. Como pode uma cidade do tamanho de Caxias não ter o que fazer com os animais de rua? A gente paga imposto - reclamou a auxiliar administrativa Juliana Camargo, 38 anos.
As orientações que obteve ao solicitar ajuda não serão seguidas:
- Disseram para a gente parar de dar comida. Mas se eu parar, eles não vão ir para outra rua e o problema não vai passar para outra rua e a carteira não vai continuar com medo? - questionou Juliana, que já tem dois cães de estimação em casa.
Os moradores também procuram interessados em adotar os bichos. No entanto, as tratativas fracassam.
- Maltratar é crime. A gente busca uma solução boa para os cães, para quem mora aqui e para a carteira - disse Valéria Rizzo, 30, irmã de Juliana. Ela tem cinco gatos. Os dois cães que criava são cuidados agora pela mãe dela, por falta de espaço. Mesmo com limitação no pátio, Valéria cede a frente da residência para o trio, que passa por baixo do portão. Valéria custeou a esterilização das duas cadelas.
Elizandra Brum, 29, tentou adotar Neguinha, uma das cadelas. Mas, segundo a dona de casa, foi difícil manter o bicho confinado. Há um mês, Elizandra viu um dos cães, Piloto, morder a perna de um vendedor de verdura. No final da manhã de terça-feira, Eurides Soares Bitencourt, 72, presenciou um quase ataque da mãe de Piloto na carteira, quando a funcionária tentava retomar o serviço no trecho. Ele defende o recolhimento.
- Quando ela ia entrar num morador para a entrega, a cachorra avançou, pulou nela. A mulher começou a gritar. Corri lá para socorrer. Ela disse que agora vai levar mais uns 15 dias para vir - comentou.
Com os moradores e até com visitas, o trio é dócil e brincalhão. Interessados na adoção podem entrar em contato com Valéria, pelo fone 9982-2182.
Contraponto
O que diz a Diretoria Regional dos Correios do Rio Grande do Sul:
"A Diretoria Regional dos Correios do Rio Grande do Sul, por meio da Assessoria de Comunicação, informa que a entrega na Rua Giácomo Seben Segundo, no bairro São Cristóvão, ainda não foi suspensa, pois os gestores do Centro de Distribuição Domiciliária Nossa Senhora de Lourdes, unidade responsável pela entrega no local, estão realizando um trabalho de conscientização com os moradores a respeito do problema dos cães soltos na rua e o perigo de ataque a carteiros. A população deve se informar na prefeitura sobre como é feito o recolhimento dos animais, caso nenhum morador se responsabilize pelos cães. Se esse trabalho não alcançar resultados junto à população, os Correios podem suspender a entrega amparados pela Portaria nº 567, de 29 de dezembro de 2011, que versa sobre as condições necessárias para a realização da entrega domiciliária. Quando a entrega é suspensa, os moradores podem retirar as suas correspondências na unidade dos Correios responsável pela entrega naquela localidade".
O que diz a Secretaria da Saúde do município:
O município não recolhe cães de rua. Por meio da assessoria de imprensa, a secretaria apontou como solução que os moradores parem de alimentar os bichos de rua. Outra alternativa é procurar, com ONGs, um lar para os animais.