Enquanto alguns donos de casas noturnas e restaurantes de Caxias do Sul se mobilizam para pressionar gestores públicos a reduzir as blitze da Lei Seca, conforme mostrou reportagem do Pioneiro na última quarta-feira, dia 12, outros criam formas socialmente responsáveis de atrair a clientela que deseja beber mas não quer ter problemas com a fiscalização.
Uma consulta do Pioneiro a 28 estabelecimentos da cidade verificou quais ofereciam algum serviço ou vantagem ao frequentador que consome bebida alcoólica mas não quer ir de carro para casa. Destes, nove oferecem alguma vantagem.
Na boate Golden Club, que abriu nesta sexta-feira, por exemplo, o proprietário Ivan Negrini já idealiza o serviço de van para levar os clientes para casa. A intenção é disponibilizar a carona a partir das 3h dentro de 10 a 15 dias.
- O cliente vai no ligar ou se cadastrar quando chegar à boate. Ele ganha um cupom, que será usado para o transporte. A ideia é oferecer conforto àquelas pessoas que vão até a nossa casa, querem beber e não ter problemas com a Lei Seca - diz Negrini.
Outros estabelecimentos optaram por dar descontos ou brindes para quem usar táxi. No Paiol Espaço Nativo, por exemplo, quem chega usando esse serviço ganha um vale-chope, que pode ser trocado por outro produto caso o cliente não consuma álcool.
- É uma forma de incentivarmos o uso do táxi. A única desvantagem é a oferta do serviço, que à noite fica bem reduzida - diz Voltaire Finkler, um dos criadores do Paiol.
Além de Voltaire, outros proprietários de estabelecimentos reclamam da pouca oferta de táxis no período das 23h à 1h, principalmente. Mateus Zanotto, gerente da Galeteria Alvorada, engrossa a fila dos que reclamam da oferta de táxis. De acordo com ele, às sextas e sábados, principalmente no início de cada mês, a espera ultrapassa os 20 minutos:
- É complicado para os clientes, que precisam ficar esperando, e também para mandarmos os funcionários embora.
O presidente da Cooperativa Rádio Taxi, Mauro Laguetto, afirma que dos 200 associados, cerca de 80% trabalha durante a noite. De acordo com ele, o tempo médio de espera em dias normais, sem chuva, é em torno de 15 minutos, chegando a 20 nos horários de pico.
- O problema da demora não está relacionado ao número de táxis, mas sim ao trânsito. Também tem o fator do lugar onde fica o estabelecimento. Esperar mais de 30 minutos é um caso raríssimo - garante.
O diretor-geral da Secretaria Municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade, Carlos Roberto Noll, afirma que a pasta está fazendo um estudo para embasar um novo aumento no número de táxis em Caxias.
De acordo com Noll, a lei municipal nº 4.802/97 determina que o número de táxis em operação não pode exceder a proporção de um veículo para cada mil habitantes. Levando-se em conta que Caxias tem cerca de 435 mil moradores, a frota não poderá ultrapassar 436 carros.
Compare a frota de táxi em outras cidades
Em Caxias do Sul
Frota de táxis: 316
População: 453 mil
Proporção: 1 a cada 1376 pessoas
Em Buenos Aires
Frota: cerca de 40 mil
População: cerca de 3 milhões
Proporção: 1 a cada 75 pessoas
No Rio de Janeiro
Frota: 33 mil táxis
População: 6,3 milhões
Proporção: 1 a cada 190 pessoas
São Paulo
Frota: 33 mil táxis
População: 11,4 milhões
Proporção: 1 a cada 342 pessoas
Nova York
Frota: 13 mil táxis
População: 8 milhões
Proporção: 1 a cada 615 pessoas
Confira a lista das casas que oferecem vantagem ao cliente e mais informações em reportagem no Pioneiro deste final de semana.