A Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Caxias investiga desde 2011 uma série de abusos sexuais supostamente praticados por um pastor catarinense, de 32 anos, que veio à cidade pregar. O crime teria ocorrido na casa de uma família que frequentava a igreja Assembleia de Deus Gideões e hospedou o religioso no bairro Serrano.
Ele teria forçado a filha do casal, na época com 11 anos, a manter relações com ele em pelo menos dois dias. Conforme a conselheira tutelar da macrorregião Sul Cleonice Andrade, a jovem contou em depoimento que o pastor teria abusado também de outras duas meninas. Entretanto, não quis revelar os nomes:
- Ele dizia para a guria que se ela contasse aos pais, poderia acontecer coisa pior. Então, ela só revelou depois que o pastor voltou para Santa Catarina. É comum também nesses casos a jovem dizer que não sabe o nome das outras vítimas com medo de expô-las.
Com a ocorrência registrada no dia 18 de maio de 2011, a Polícia Civil solicitou, por meio de carta precatória, o apoio da delegacia de Chapecó (SC) para que tomasse o depoimento do suspeito. Entretanto, conforme a DPCA, até este ano a polícia do Estado vizinho não retornou o pedido, o que arrasta a conclusão do inquérito há dois anos.
Conforme o presidente do Conselho das Igrejas Evangélicas de Caxias do Sul (Ciecs), Damian Távora, a postura dos evangélicos é pautada pela bíblia e repudia a atitude vinda de qualquer cristão.
- Infelizmente, hoje se perdeu o controle sobre o crescimento evangélico. Assim como existem igrejas sérias, com pastores preparados, também existem os chamados ministérios autônomos, sem convenção e que acabam manchando o nome das outras - defende Távora.
Neste ano, dois inquéritos concluídos pela DPCA indiciaram uma pastora e um padre por crimes sexuais. Eles seguem em liberdade enquanto aguardam uma definição da Justiça.
No primeiro quadrimestre deste ano foram registradas 45 ocorrências de crimes sexuais contra crianças e adolescentes _ média de 11 casos a cada mês. Um número que representa 22,2% de aumento em relação ao ano passado, quando a média era de 8 casos mensais.
A média de Caxias vai na contramão do Estado, que registra cerca de 12,5% de queda. Os inquéritos instaurados pela Polícia Civil baixaram de 1.384 casos no primeiro quadrimestre de 2012 para 1.211, no mesmo período deste ano, em todo Rio Grande do Sul.
Abuso infanto-juvenil
Polícia investiga há dois anos estupro praticado por pastor catarinense em Caxias
A cidade registrou aumento de 22,2% de crimes sexuais contra crianças e adolescentes no primeiro quadrimestre deste ano
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