A Justiça de Flores da Cunha condenou, em primeira instância, nove servidores da Brigada Militar por tortura. O grupo de policiais chegou a ser conhecido, entre 2007 e 2008, como Tropa de Elite da Serra Gaúcha, por usar técnicas semelhantes às mostradas no filme Tropa de Elite. Os policiais militares condenados prenderam quatro jovens que conheciam um suspeito da morte de um brigadiano.
O caso ocorreu na madrugada de 27 de dezembro de 2007. Na noite anterior, o gesseiro Valdir Garcia de Moura matou o sargento da BM Luiz Ernesto Quadros Mazui, 39 anos, por uma desavença. O crime ocorreu na casa de Moura, no bairro Pellizzer. O gesseiro fugiu, acompanhado de um filho. A notícia do assassinato do sargento logo se espalhou pela BM. Policiais militares de Flores, Caxias do Sul e Farroupilha se deslocaram até ao local do homicídio para localizar e prender o autor.
Segundo a acusação do Ministério Público (MP), o major Gilberto Güntzel, então subcomandante da BM de Caxias, foi ao local à paisana, dirigindo seu carro particular, um Tempra. Também foi à casa do assassino o então capitão Alexandre Augusto Silva da Silva, comandando duas guarnições de Caxias.
Jovens que estavam na casa teriam sido torturados para revelar o paradeiro do autor da morte do brigadiano. Na avaliação do MP, a prova testemunhal não deixa dúvidas de que o major Gilberto e o hoje major Alexandre empalaram, com um cabo de vassoura, um rapaz e torturam outros três para que eles revelassem a localização do assassino.
Porém, segundo o MP, não foram encontrados elementos que comprovassem que os PMs de Caxias e um policial de Flores da Cunha tenham participado da tortura e tampouco que outros PMs tenham se omitido de evitar ou delatar a suposta tortura. Por isso, no decorrer do processo, o MP pediu a absolvição desses policiais.
Entretanto, mesmo não tendo participado do empalamento dentro da casa das vítimas, para o MP, o sargento Luís Carlos de Mattos e os soldados Valério Zorzi, Ademir Dornelles Severo, Enéias Gonçalves Falcão, Jéferson dos Santos Silveira, Édison Hildebrando Ribas do Santos e Wladinir Vieira teriam torturado um rapaz.
O jovem teria sido levado em uma viatura até o Parque da Vindima, onde foi agredido com socos e chutes. PMs também teriam colocado um saco plástico na cabeça dele para sufocá-lo. Os nove PMs condenados poderão recorrer da sentença. Segundo a Justiça, após todo o processo tramitar em julgado, todos perderão o cargo, função ou emprego público, além da interdição para retorno pelo dobro do prazo da pena aplicada. No caso de agente público, a pena aumenta de 1/6 para 1/3.
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Justiça condena nove PMs por tortura em Flores da Cunha
Em 2007, o grupo tentou prender assassino de sargento
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