A Polícia Civil de Alagoas investiga a trajetória de Albino Santos de Lima, 42 anos, preso em setembro sob a acusação de perseguir e matar uma menina de 13 anos, em Maceió. Após a prisão, o homem confessou ter cometido oito homicídios, mas os investigadores já atribuem a ele um total de 10 vítimas. O número, porém, pode ser ainda maior, uma vez que inquéritos antigos foram reabertos com base em evidências encontradas durante as investigações. As informações são do g1.
Albino foi localizado após a divulgação de imagens que o mostravam circulando pelo bairro da Levada logo após o assassinato de Anna Beatriz, 13 anos. Ele foi preso em casa, onde a polícia encontrou uma pistola calibre .380, munições, máscaras, luvas e roupas que coincidiam com as usadas no dia do crime. A análise balística confirmou que a arma apreendida foi utilizada nos assassinatos. Segundo a corporação, Albino é "o maior serial killer da história do Estado"
— Ele sempre agia do mesmo jeito. Ele é um predador, um assassino em série, muito frio e calculista — afirmou o delegado Gilson Rego.
A Polícia Civil finalizou quatro inquéritos e indiciou o serial killer de Maceió por homicídio qualificado nesses casos. Entre as vítimas está Beatriz Henrique da Silva, uma empregada doméstica de 25 anos, assassinada a tiros em 15 de dezembro de 2023 enquanto dormia com o filho no colo. A criança não sofreu ferimentos.
No total, foram abertos nove inquéritos para investigar cada crime separadamente. Além do caso de Beatriz Henrique, divulgado na última quinta-feira (21), já foram concluídas as investigações dos assassinatos do barbeiro Emerson Wagner da Silva, 17 anos, e das estudantes Ana Clara e Anna Beatriz, ambas com 13.
Padrões de vítimas e rastros digitais
As vítimas de Albino tinham perfis semelhantes: sete mulheres, três homens e, entre elas, uma mulher trans. A maioria era jovem, morena e de cabelo cacheado. Pelo menos duas vítimas tinham 13 anos: Anna Beatriz e Ana Clara. A segunda menina foi perseguida e morta enquanto tentava fugir para a casa de um vizinho, enquanto a primeira foi assassinada com um tiro na cabeça próximo à residência dela.
O celular do suspeito revelou um padrão perturbador. Peritos encontraram pastas intituladas "odiada Instagram" e "morte especiais", contendo fotos das vítimas ao lado de calendários com as datas dos assassinatos. Havia ainda registros de notícias sobre os crimes e selfies do suspeito em cemitérios, incluindo túmulos de vítimas. Uma das fotos seria do túmulo do casal Debora Vitoria Silva Dos Santos, 21 anos, e John Lenno Santos Ferreira, 20, mortos em dezembro de 2023.
Durante o depoimento, Albino afirmou que selecionava as vítimas por supostamente integrarem organizações criminosas. No entanto, o delegado Gilson Rego desmentiu essa alegação, esclarecendo que nenhuma das vítimas tinha qualquer envolvimento com atividades ilícitas.
— Os peritos encontraram várias fotografias de indivíduos que ainda estão vivos, seriam vítimas em potencial — completou o delegado.
Investigações ampliadas
Os homicídios atribuídos a Albino ocorreram em um raio de 800 metros da residência dele. No entanto, a Polícia Civil reabriu inquéritos de assassinatos ocorridos entre 2019 e 2020, que podem aumentar o número de vítimas para 18. A delegada Tacyane Ribeiro acredita que o comportamento do criminoso está ligado a uma obsessão por jovens com características físicas semelhantes e que ele pode ter sofrido algum tipo de rejeição.
— Ele não demonstra nenhum tipo de arrependimento pelo cometimento desses homicídios — afirmou a delegada
Defesa alegou insanidade mental
O advogado de Albino, Geoberto de Luna, afirmou que seu cliente é um sociopata e pediu um exame de insanidade mental. Caso ele seja considerado inimputável, pode ser encaminhado para tratamento em centros de saúde mental, já que manicômios judiciários não são mais uma opção no Brasil.
— A cabeça dele é de uma pessoa doente, de um sociopata. E esse vai ser o caminhar da minha defesa, visto que, mesmo sendo um serial killer, em ficando isso confirmado, ele tem direito a defesa — disse o advogado.
Responsabilidade do pai
A arma usada nos assassinatos pertencia ao pai de Albino, um militar da reserva, que foi indiciado por porte ilegal de arma. Segundo a delegada Tacyane, o simples empréstimo de uma arma para alguém sem autorização já configura crime.
— Ele (o pai) tinha um registro legal, digamos assim, da arma de fogo. Só que ele não pode emprestar a ninguém essa arma. O fato de você emprestar essa arma a alguém, mesmo que seja gratuitamente, já incide no crime de porte legal de arma de fogo. Se você emprestar uma arma a uma pessoa que não tem o porte, não tem o registro, aí a pessoa responde, que foi o caso — detalhou.