Uma senhora miúda, sempre vestida com roupas de cores discretas e um tom de voz ao mesmo tempo firme e gentil. Quando entrava para dar aulas, as cerca de 30 jovens que cursavam o segundo ano do Magistério em uma das salas do Instituto Educacional Cristóvão de Mendoza imediatamente sentavam e preocupavam-se em prestar atenção. Essas são algumas das lembranças de Janete Scopel Brambatti, 52, e Luci Dal Piaz Nunes, 54, do tempo em que foram alunas de Marianinha Queiroz, em 1975. Em 2011, a escola que leva o nome da professora (falecida em 1983) completa o cinquentenário de fundação.
Confira uma galeria de fotos da Vila Marianinha, onde morou a professora
Janete e Luci, hoje professoras aposentadas, pertenceram a uma das últimas turmas de Marianinha, que parou de dar aulas de Português e Literatura aos 70 anos. Avessa à comemorações pessoais, as alunas lembram que a mestra não gostava de ser cumprimentada em seu aniversário. A data trazia a lembrança da morte do filho Antônio, de infarto, aos 35 anos. Aos demais, porém, a restrição não se estendia. Luci recorda que dona Marianinha, que também era chamada assim pelas alunas, tinha gestos atenciosos, como distribuir cartões para a turma no dia do estudante.
- Ela nos mostrava muitos contos em sala de aula. Lembro que tínhamos um segundo caderno, onde anotávamos palavras mais difíceis. Era como se fosse o nosso próprio dicionário. Entre as duas turmas devia ter em torno de 60 alunas. Ela conhecia todas pelo nome - recorda Luci.
Embora não comentasse em sala de aula, as alunas sabiam que a professora não queria se aposentar.
- Ela achava injusto ter de parar de dar aula. Dedicou a vida ao ensino. Toda sala tem a turma da bagunça, mas nas aulas de dona Marianinha, todas prestavam atenção. Ela sempre foi uma pessoa receptiva, com muita segurança da matéria e bastante dedicada e atenciosa. Por isso foi tão marcante - exemplifica Janete.