Iniciam neste sábado (8) os jogos do 39º Campeonato Brasileiro de Basquete Master. O evento retorna a Caxias do Sul depois de 17 anos. Em quadra estarão atletas a partir dos 30 anos que representarão 150 times de 20 estados da federação.
São mais 1,5 mil competidores, dentre os quais figuras conhecidas da modalidade como Ratto, Cadum e Israel, ex-jogadores da Seleção Brasileira.
E quem também vai competir na competição, na categoria +60 anos, é o ala/pivô Alexandre Cruxen. Natural de Caxias do Sul, ele deixou a cidade para viver o sonho da carreira no basquete. Passou por clubes paulistas, mas brilhou na Pitt Corinthians, de Santa Cruz do Sul, equipe que daria ao Rio Grande do Sul o inédito título de campeão brasileiro em 1994. A equipe ficou com a taça depois de derrotar Franca, de virada, nos playoffs por 3 a 2.
— Montaram um time aqui em Santa Cruz do Sul que a gente até brinca que era um pouco "feinho" na fotografia e tudo mais, mas deu uma liga muito legal entre todos. Botamos em cada jogo mais de 7 ou 8 mil pessoas no ginásio. Eu particularmente estava buscando isso. Me tornei profissional e fui vice-campeão brasileiro quatro, cinco anos seguidos. Pensava: "isso é ridículo, o pé frio vai ver que sou eu", vou jogar vôlei — brincou, antes de completar:
— Dos jogadores que vieram naquele ano, tinha o Joel, o João Batista, o norte-americano Alvin, um dos melhores que jogou no Brasil, e assim foi se montando as peças com alguns jogadores reservas de outros clubes e formamos um time aguerrido.
O dedo de Felipão na carreira de Cruxen
Pode parecer incrível, mas o técnico Luiz Felipe Scolari teve participação decisiva no momento da escolha de Cruxen pelo basquete. Na infância, ele havia optado por jogar futebol na equipe do colégio Cristóvão de Mendoza, onde Felipão era seu professor de Educação Física.
— O Luiz Felipe olhou pra mim e falou: "Assim, não, Cruxenzinho. Tu és muito alto, cara. Vai procurar o professor Crespo (de basquete) ou o professor Elói (de handebol). E eu acabei indo procurar o Crespo pelo dedo do Luiz Felipe — brincou antes de relembrar o encontro que teve com Felipão, quando treinava o Grêmio:
— Anos depois, a gente foi disputar uma Copa América na Argentina e o Grêmio estava indo jogar a Libertadores contra o River Plate, e pegamos o mesmo voo. E aí o Luiz Felipe cruzou com o nosso técnico Ary Vidal e falou assim: "Óh, metade do salário desse garoto é meu".
De volta às origens, aos 62 anos, Cruxen buscará na sua cidade natal a vaga para disputar o Mundial Master na Suíça em 2025. Atualmente ele já é tricampeão mundial em três categorias diferentes: 40, 45 e 50 anos.
— Eu vou jogar em Galópolis, na Arena Recreio, vou jogar no Recreio da Juventude, no Clube Juvenil, no Vascão, vai ter jogo na UCS. Um ginásio é melhor do que o outro, uma cidade excelente, as pessoas, o próprio pessoal do meu grupo. Vou reencontrar também minha turma de colégio do La Salle de 1976 e nós vamos fazer uma reunião com café colonial. Eu aproveito pra reviver tudo isso, porque afinal de contas foram 18 anos que eu vivenciei em Caxias do Sul. Eu estou trazendo a minha esposa, os meus filhos, toda família, pois não é só rivalidade que existe. Depois dos jogos é a questão de estar todo mundo junto para poder sair e confraternizar — finalizou Cruxen.
As finais do Campeonato Brasileiro de Basquete Master serão no dia 16. Na segunda-feira (11), a competição entrará para a história por promover, pela primeira vez, disputas de atletas que têm mais de 85 anos.