Antes mesmo das 18h, horário da primeira reunião no Conselho Deliberativo na segunda-feira, Roberto de Vargas já estava no Estádio Centenário. O novo mandatário grená esteve reunido com Mario Werlang na sala que seria sua poucas horas depois.
Werlang deixou o local em direção ao Salão Nobre por volta das 18h com o sorriso no rosto de quem deixou o Caxias em outro patamar. Nos bastidores, ele falou:
— Só mais umas horinhas e estou de saída (risos) — disse o agora ex-presidente, que depois da posse de Vargas completou:
— A escolha do Roberto foi em cima de pessoas que realmente queriam ser presidente. Colocar alguém, você coloca. Mas alguém que realmente queira se dedicar, que é identificado é a grande questão. E o Roberto sempre quis. Acabei de falar com ele. Me disse que eu sou o presidente do acesso. E disse que ele será o presidente do acesso à (Série) B.
Discurso aglutinador
Em discurso aos conselheiros após a aclamação, por volta das 20h, Roberto de Vargas revelou que quase foi jogador do clube, aos 12 anos. Tornou-se conselheiro no ano de 2000, quando o grená foi campeão gaúcho, e tinha o desejo de tornar-se presidente.
Ele pediu união de todos e disse que informará primeiramente os conselheiros sobre todos os processos que acontecem dentro do Estádio Centenário, sejam mudanças ou contratações de atletas.
Nos corredores da casa grená muitas mudanças se desenham, com a sensação de um processo transitório que terá efeitos a curto prazo no clube.
— Uma transição sempre é dolorosa para os dois lados. Algumas pessoas tiveram um pouco de resistência. Ninguém é unânime e nem almejaria isso. Mas, graças a Deus, terminamos bem uma passagem tranquila — apontou De Vargas.
A primeira mudança foi a nova fotografia do departamento de futebol, com José Caetano Setti como vice, tendo como diretores Valdecir Bersaghi e Ernani Heberle.
Apresentação de técnico e vice de futebol
A comissão técnica escolhida pelos dirigentes grenás tem Luizinho Vieira como técnico, Alexandre Luz e Jeferson Ribeiro como auxiliares, além de Tiago Cetolin, que permanece no comando da preparação física.
Luizinho foi apresentado na manhã desta terça-feira. Logo após, dirigentes e a nova comissão técnica ficaram conversando com a imprensa, durante um café oferecido pelo clube. Integrantes da torcida organizada Falange Grená também vieram prestar apoio ao novo momento vivido pelo Caxias.
O treinador manteve o discurso de que a ambição é fazer com que o Grená conquiste o acesso à Série B em 2025.
— Estou muito feliz com tudo que eu vi e a partir do momento que a gente começa a trabalhar juntos, hoje eu sei o que o De Vargas pensa e isso para mim é muito importante dentro do projeto, de poder fazer um Caxias forte, ambicioso, como eu vi até agora, e principalmente em cima da estrutura. O clube está pronto para ascender a Série B — reiterou o técnico.
SAF no Caxias?
A Sociedade Anônima do Futebol (SAF) tem se tornado realidade cada vez mais presente no futebol e, no Brasil, não é diferente.
Durante a posse de De Vargas, nos bastidores do Estádio Centenário, o termo "SAF" foi utilizado mais de uma vez por alguns conselheiros.
Na realidade, a informação apurada pela reportagem do Pioneiro é de que durante o período em que Mario Werlang esteve no Rio de Janeiro prestando depoimento sobre o caso Yuri Ferraz junto ao STJD, no dia 12, quatro empresários portugueses estiveram visitando as dependências do clube.
— Eles estiveram aqui. Até achei que, num primeiro momento, fossem representantes do STJD, do Rio de Janeiro, mas logo vi que eram de Portugal e queriam conhecer o clube no intuito de, quem sabe, apoiar no futuro. Alguns dirigentes que aqui estavam até fizeram um almoço pra eles e conversaram sobre a possibilidade de SAF — destacou uma fonte que não quis se identificar.
O fato de empresários portugueses estarem em Caxias do Sul não significa, no entanto, que a SAF seja uma realidade no Caxias. Foi apenas uma primeira visita e, certamente, o debate a respeito será longo no futuro, com a participação do conselho.