Marcelo Casanova vive a expectativa de uma inédita medalha paralímpica para Caxias do Sul. O judoca do Recreio da Juventude está na França e já tem data e adversário definidos para brigar por uma medalha.
Neste sábado, 7 de setembro, ele entra no tatame em busca de mais um sonho, na Arena do Campo de Marte, aos pés da Torre Eiffel. As lutas do judô começam às 4h30min, no horário de Brasília.
Com albinismo e 6,75 graus de astigmatismo, Marcelo é quarto colocado no ranking mundial, o que lhe garantiu a posição de cabeça-de-chave em Paris. Assim, o chaveamento apontou Evan Molloy, da Grã-Bretanha, como primeiro adversário nas quartas de final dos médios (-90kg) da classe J- 2 (para atletas com definição de imagens). Ambos já se enfrentaram em cinco oportunidades no ciclo paralímpico, com três vitórias do caxiense.
Quem acompanha de perto Marcelo Casanova é o seu treinador do Recreio da Juventude. Giovani Cruz comentou sobre os últimos momentos antes da estreia do judoca nos Jogos de Paris.
— Está chegando a hora, e a gente sente aquele nervosinho, aquele friozinho na barriga, mas tem que ficar somente naquele momento e durante a luta ali deixar as coisas transcorrerem. Fizemos uma análise bem minuciosa em vídeos de todos os adversários que estão participando dessas Paralimpíadas, então para cada um deles é uma estratégia específica — disse o treinador, que falou sobre a preparação:
— Nós tivemos uma aclimatação em Troyes, uma cidadezinha aqui a 160 quilômetros de Paris, e também um trabalho técnico e trabalho mais específico também. Do dia 20 até o dia 28, eles foram para a Vila Olímpica, e a partir dali a gente já sabe, agora é manter foco e concentração.
Judoca do Recreio da Juventude, Marcelo Casanova fez a transição para o Judô Paralímpico em 2021, entrando no circuito internacional, em 2022, no Grand Prix da Federação Internacional de Esportes para Cegos (IBSA). Treinador de Casanova desde 2012, Cruz não esconde a emoção de ver seu atleta em uma Paralimpíada.
— É uma coisa surreal, porque às vezes a gente pensa, tá beleza, tem um atleta, a gente classificou, o pessoal conversa, a gente vai lá, dá entrevista, mas quando botamos o pé aqui, quando vamos até a Vila Olímpica, a gente vê o que tá acontecendo, aí é que cai a ficha. O tamanho dessa conquista, de ter um atleta de nível Paralímpico, uma competição que é muito difícil, tem até algumas pessoas que acabam discriminando, ou acabam, de certa forma, deixando de lado, mas ela é muito importante. É um dos eventos mais importantes do mundo — declarou Giovani Cruz, que completou sobre Marcelo:
— O Marcelo tem uma característica muito, muito forte, que ele é muito persistente. E também ele tem uma cabeça muito boa. Então, é fácil de trabalhar com ele. Ele sabe o momento certo de reagir. Isso faz dele, além da parte técnica, óbvio, faz dele um grande potencial a ganhar uma medalha Olímpica.