O dia é 27 de junho, um domingo. O ano 1999. O horário da consagração máxima: por volta das 19h. Há 25 anos, o Juventude escrevia o maior e mais vitorioso capítulo da sua história. Uma data que jamais sairá da memória dos torcedores alviverdes.
O templo do futebol brasileiro foi o palco perfeito. O dia mais glorioso da história do Verdão. O Ju empatou em 0 a 0 com o Botafogo, no Maracanã lotado, com mais de 100 mil torcedores, e conquistou a Copa do Brasil.
— É uma vitória eterna, porque é muito difícil. Tomara que se repita, mas a gente sabe da dificuldade de construir um título desses. Grandes clubes do país ainda não têm essa conquista, e realmente isso marca e está lá escrito no estádio: Campeão do Brasil — relembrou o presidente do clube na época, Milton Scola.
Um ano antes, o Juventude conquistou o Gauchão diante do Inter. Milton Scola era o vice-presidente de futebol. Fato que ajudou na transição para, no ano seguinte, dirigir o clube e entrar para a história.
— Os parceiros de direção queriam que eu até fosse (presidente) antes de 1999. Depois de 98, depois do título, a coisa foi natural. Não teve nem um ambiente político que fosse contrário, nada. Ajuda muito a começar um trabalho, porque é uma grande responsabilidade. E realmente, quando a gente sai da reunião confirmado como presidente, vai para casa e começa a pensar que o compromisso é grande — comentou Scola.
O treinador do Juventude na conquista de 1999 foi Valmir Louruz. O ex-presidente relembrou a escolha do comandante do título.
— Eu tinha uma amizade, ainda tenho, com o Paulo Tonietto, empresário de futebol, e que representava o Valmir Louruz naquela época. O Geninho estava fazendo o trabalho aqui, mas as coisas não estavam acontecendo. A gente não estava tendo resultados que convencessem. E eu resolvi mudar. Conversando com o pessoal do futebol, e com o Paulo Tonietto, ele disse que o Valmir Louruz jogou no clube e se identificava bastante com o Juventude — disse Scola, que completou:
— O Valmir acertou o time. Fechou com um grupo de jogadores e a gente começou a ver um trabalho leve, que as coisas iam acontecendo de forma natural. E isso também é muito importante para ter sucesso.
CAMPANHA DO TÍTULO
A campanha do Juventude na Copa do Brasil de 1999 começou diante do Guará, com uma goleada por 5 a 1, no Distrito Federal. Para chegar ao título, o Juventude superou cinco campeões brasileiros. O Ju teve vitórias emblemáticas e marcantes como diante do Fluminense e do Corinthians.
— Nós saímos do Maracanã, jogamos até melhor que o Fluminense lá. Nós ganhávamos de 1 a 0 e tomamos um gol de contra-ataque. Acho que relaxamos um pouco naquele jogo, mas o grupo tinha consciência que podia vencer o Fluminense aqui (Jaconi). E isso também foi fortalecendo o grupo. Agora, quando a gente passou pelo Corinthians, que era o grande time do momento no Brasil, aí a gente começou a acreditar que era possível ir longe e não deu outra — contou Scola, que também mencionou os 4 a 0 diante do Inter no Beira-Rio:
— Construímos, talvez, a nossa maior vitória na minha gestão. Sair do clube aqui do interior e ir a Porto Alegre fazer 4 a 0 numa semifinal de Copa do Brasil é um jogo histórico e que não vai me sair nunca da cabeça.
Uma campanha irretocável, marcada por atuações empolgantes e vitórias históricas. O time de Valmir Louruz teve como ponto final o duelo diante do Botafogo.
— O primeiro jogo foi uma batalha, porque o Botafogo começou a agir politicamente para não acontecer no Estádio Alfredo Jaconi. O Botafogo, por força lá do regulamento, que dizia que o estádio tinha que ter X número de pessoas, a capacidade e tal, foi uma coisa que até o governador do Estado interviu — lembrou Scola, que completou:
— A gente já tinha passado por grandes adversários, então era possível. Difícil, óbvio, todo mundo sabe que uma final no Maracanã, contra um clube do Rio de Janeiro, com 100 mil pessoas não é fácil. Porém nunca deixamos de acreditar que era possível.
Ficha Técnica
Botafogo 0x0 Juventude
Data: 27/6/1999
Local: Estádio Maracanã, no Rio de Janeiro
Árbitro: Antônio Pereira da Silva, auxiliado por Jorge Paulo Oliveira Gomes e Filomeno Dourado dos Santos.
Amarelos: Fábio Augusto (B), Lauro (J), Márcio (J) e Roberto (J)
Renda: R$ 458.451,00
Público: 90.217 pagantes; 101.581 no total.
BOTAFOGO
Wagner; César Prates, Bandock, Jorge Luiz e Fábio Augusto (Leandro Eugênio); Reidner, Júnior, Caio (Rodrigo) e Sérgio Manoel; Bebeto (Felipe) e Zé Carlos. Técnico: Gilson Nunes.
JUVENTUDE
Emerson; Marcos Teixeira, Índio, Picoli e Dênis; Roberto, Lauro, Flávio e Mabília (Gil Baiano); Maurílio e Márcio Mexerica (Alcir). Técnico: Valmir Louruz.