Nesta quinta-feira (27) se completam 20 anos da inédita façanha do Juventude. No dia 27 de junho de 1999, no Maracanã, o clube deu o passo final da vitoriosa campanha, e com um 0 a 0 diante do Botafogo foi o campeão da Copa do Brasil.
O empate na decisão só serviu ao alviverde porque uma semana antes, no Alfredo Jaconi, o time de Walmir Louruz fez 2 a 1 na partida de ida, com gols dos atacantes Fernando e Márcio Mexerica.
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Conquista histórica: ex-jogadores do Juventude relembram título da Copa do Brasil
QUIZ: você sabe tudo sobre a conquista da Copa do Brasil pelo Juventude há 20 anos?
– É o maior título da minha carreira. Foi o clube que me criou, o lugar que foi minha segunda casa. Tenho enorme gratidão e respeito por este clube. Foi um título significativo e ajudar com o gol é algo inacreditável. O gol sempre fica marcado. São 20 anos, mas parece que foi ontem. Segue vivo na memória – relembra o atacante Fernando Rech, que recentemente coordenou as categorias de base do Juventude.
Além do jovem atacante, formado no clube e com passagens no exterior, a conquista também mudou a carreira de muitos jogadores. Alguns deles trabalharam no Ju em diversas funções, como Lauro, Flávio Campos, Picoli e Mabília.
– O título teve um peso muito grande na minha vida. Quando menino, sonhava jogar no Maracanã, ser campeão lá com um título de expressão. Profissionalmente, veio o reconhecimento e isso se refletiu também internamente no Juventude. Até hoje as pessoas sentem saudade disso – salienta Picoli, ex-zagueiro, técnico de futebol e que comandou o time alviverde entre 2011 e 2012 e entre 2014 e 2015.
Para o centroavante Márcio Mexerica, um dos artilheiros da vitória na ida, diante do Botafogo, o feito de 1999 significou atuar no futebol europeu onde, no ano seguinte, foi campeão da Copa da Uefa, da Supercopa, do campeonato turco e da Taça da Turquia pelo Galatasaray.
– Foi fundamental porque realmente o Brasil inteiro acompanhou isso e muitas pessoas de fora. Isso me deu a possibilidade de sair do País, graças a esse título que o Ju conquistou. Sou muito grato por ter conquistado essa façanha e meu deu uma sequência legal de carreira. Tudo começou no Juventude – comentou o jogador, que encerrou a carreira profissional em 2012, pelo Boavista de Portugal.
Entrevistas
Wallace
Volante
1999 - 26 anos / 2019 - 46 anos
Ficou no time para a Libertadores do ano seguinte, depois rodou por clubes como Guarani, Paulista e 15 de Campo Bom, onde foi vice-campeão gaúcho em 2003.
Qual a principal lembrança?
Foram vários momentos como a vitória contra o Corinthians no Jaconi, o empate em 2 a 2 com o Bahia, a vitória de 4 a 0 no Beira-Rio contra o Inter e, claro, a final contra o Botafogo no Maracanã. Eu moro no Rio e até hoje os Botafoguenses me cobram que perderam a final para a gente.
Qual o significado pessoal daquela conquista?
Foi o título mais importante da minha carreira e corou um trabalho de um grupo formado na temporada 96/97, como Índio, Flávio, Maurílio, Lauro e eu, depois Capone, Dênis e Mabília em 1998.
Ainda tem contato com o pessoal de 1999?
Apenas via redes sociais, mas acompanho sempre eles. Flávio, por exemplo, é meu vizinho aqui no Rio. É o que mais tenho contato e nossas famílias são amigas.
Como foi a expulsão no primeiro jogo da final?
Foi muito triste. Foi um lance muito bobo, pois estávamos jogando uma partida maravilhosa e vencendo por 2 a 0 e eu vinha sendo um dos melhores em campo. Fui expulso e não pude jogar no Maracanã.
Flávio Campos
Meia
1999 - 33 anos / 2019 - 53 anos
Capitão do time, era um dos "jogadores da Parmalat". Identificado com o Ju, entre 2017 e 2018 foi gerente-executivo de futebol do clube.
Como é ser o capitão da conquista de 1999 e estar eternizado na história?
É gratificante. Com a ajuda de todo aquele grupo, dos dirigentes que fizeram parte da campanha, do torcedor presente lotando todos os jogos da Copa do Brasil. Era uma equipe consistente, equilibrada e que não tinha medo de jogar.
O que mais te marcou na campanha?
Foram tantas coisas. O título em si é algo que nunca mais sai das nossas lembranças. O fato de entrar desacreditado no campeonato, pois era uma equipe tida que seria batida na primeira ou segunda fase. A gente venceu adversários fortes como Corinthians, Inter, Bahia, Botafogo. Uma soma de fatores e emoções que é difícil de enumerar e falar, mas culmina com um título que nem acreditava.
No modelo atual da Copa do Brasil, conquistas como a do Ju se tornam mais difícil?
Nosso time em 1999 era mais maduro na comparação com a equipe de hoje. O Juventude já estava num passo que poderia acreditar. Em 1099, a gente imaginava ir longe, mas chegar ao título não. Hoje, a diferença de valores e investimentos é grande. No futebol tudo é possível, nós torcedores sempre acreditamos.
Maurílio
Atacante
1999 - 29 anos / 2019 - 49 anos
Também foi ídolo no Paraná e campeão brasileiro pelo Palmeiras. Atualmente é técnico de futebol.
Qual a emoção de estar com o nome marcado na história do Juventude?
É algo que nós não sabemos explicar. Fazer parte da história do clube e da maior conquista do Juventude é algo fantástico. Foi um trabalho muito bem feito, que existia respeito. Todos os atletas estavam envolvidos e querendo. Eu me sinto honrado e orgulhoso pelo que fiz e sempre mostro aos meus filhos. Tínhamos o comando do saudoso Walmir Louruz, uma pessoa fantástica e que nos ajudou bastante a conquistar a Copa do Brasil.
Qual o momento mais marcante da campanha?
A partida contra o Fluminense quando vencemos de goleada no Jaconi. A partida contra o Corinthians no Pacaembu, contra o Bahia nos pênaltis. Aquele que mais marca é o duelo no Maracanã. O caminho do hotel até o estádio lotado, aquilo te traz no futuro boas lembranças de um passado feliz. Procuro mostrar sempre para os profissionais que trabalho.
Como foi a festa de volta a Caxias?
A festa foi maravilhosa. Nós descemos em Porto Alegre e fomos rumo a Caxias. Tudo parado, a cidade toda na rua. Todos esperando a gente chegar. Foi uma recepção calorosa. Fomos para o Jaconi que estava lotado, festejando e vibrando. Foi um feito fantástico. Na época, minha família esperando, foi maravilhoso. Tenho um carinho e um respeito muito grande por Caxias.
Márcio Mexerica
Atacante
1999 - 24 anos / 2019 - 44 anos
Após o título com o Juventude, o atacante defendeu o Galatasaray da Turquia, onde foi campeão nacional em 2000.
Qual a principal lembrança da conquista no Maracanã?
É, realmente, chegar em Caxias e ter uma festa maravilhosa. A cidade inteira envolvida nesse título e prestigiando o Ju. Isso para mim foi maravilhoso. Você entender o tamanho desse título para o estado e principalmente para a cidade. Caxias do Sul fez uma bela festa para todos os nós e nos deixou muito felizes.
Qual foi a importância do título?
Nós jogadores sabíamos da importância desse título e o quanto nós teríamos que nos unir para ganhar. Não seria fácil e o envolvimento e comprometimento foi maravilhoso. Isso foi uma situação que deu pra perceber. Todos puxavam a corda para o mesmo lado.
Fernando
Atacante
1999 - 25 anos / 2019 - 45 anos
Depois de passar por Palmeiras, Inter e pelo Japão, voltou ao Juventude para ser campeão em 1999
Qual foi o jogo mais difícil?
O jogo contra o Fluminense porque perdemos por 3 a 1. Sabíamos que se sofrêssemos um gol teríamos que fazer quatro para passar. Entramos como era para ser. Era um clima de chuva e neblina e em 25 minutos fizemos o 4 a 0.
Como era o grupo de jogadores?
Era uma mescla de profissionais com passagens por clubes maiores e atletas oriundos da base. Fui criado no clube, mas já havia saído para jogar fora do Brasil. Os meninos entenderam que a vez deles ia chegar e os mais velhos entenderam que precisavam ajudar esses meninos. Era um time considerado médio, por isso ficará sempre na história do clube.