O começo de Campeonato Gaúcho empolgou o torcedor do Juventude. Mas a boa fase durou pouco. O time apresentou oscilação a partir da sétima rodada e não venceu mais. A equipe acumula três empates e duas derrotas pelo Estadual.
A queda de rendimento do Juventude se refletiu na tabela do Gauchão. O time ficou até a penúltima rodada dentro do G-4, mas a derrota para o Inter por 2 a 1, no Estádio Alfredo Jaconi, fez o time cair de posição. A equipe finalizou a fase de grupo na quinta colocação com 15 pontos e terá de decidir o jogo único das quartas de final longe de Caxias do Sul. A disputa à semifinal será no Estádio Estrela D'alva, em Bagé, contra o Guarany, no sábado (9), às 20h30min.
A reportagem do Pioneiro elencou os cinco motivos para a queda de rendimento do time em campo, e a perda da vantagem nas quartas de final:
1. FALTA DE COMPETITIVIDADE
O elenco do Juventude ainda não aprendeu por completo como é o futebol gaúcho. Na reta final do Estadual, quando as partidas são decididas mais na parte física e disputas acirradas, a equipe não consegue reagir e ser competitiva. O clássico Ca-Ju foi um claro exemplo. Enquanto o rival entrou em campo brigando e disputando cada jogada, no Jaconi, o Juventude ficava trocando passes e pensando que a qualquer momento poderia sair vitorioso. E não foi isso que aconteceu.
Contra equipes que impõe um jogo mais físico e brigado, o time de Roger Machado encontra muitas dificuldades. A equipe perdeu pontos para o rebaixado Novo Hamburgo, no Estádio do Vale. Contra o Brasil de Pelotas, no Bento Freitas, o time pouco criou e não soube se impor na questão física e técnica. Perdeu por 1 a 0.
2. POUCO TEMPO PARA TREINAR
Em 42 dias, o Juventude fez 12 jogos entre Gauchão e Copa do Brasil. O pouco tempo de descanso e treino é um dos motivos para as últimas atuações fracas. Roger Machado terá a sua primeira semana cheia após o fim da primeira fase do Gauchão. Antes, era recuperar os titulares para a rodada seguinte. O curto espaço resultou em falta de tempo para implementar as ideias do comandante.
A sequência forte de jogos ainda contou com uma longa viagem atravessando o país. O Juventude estreou na Copa do Brasil diante do Iguatu, no interior do Ceará. O time segurou um 0 a 0 no sufoco e ficou devendo uma boa apresentação diante de um adversário limitado e de Série D do Brasileiro. Sobre a má fase, Roger Machado observa é que preciso entender as pancadas.
— O treinador tem as costas bem largas para aceitar, e confiar no trabalho que está sendo desenvolvido e pedir o crédito do nosso torcedor. Estamos frustrados sim, não estamos satisfeitos, porém todos os jogadores que estão nesse elenco estão trabalhando muito forte para representar bem o clube. Eu ouço atrás do banco o torcedor criticando a mim e ao time, e isso me faz juntar energia para reverter isso o mais rápido possível — afirmou o técnico alviverde.
3 - ESCOLHAS DE ROGER
O técnico Roger Machado também tem participação efetiva na queda de rendimento do time. Além de não conseguir achar soluções para os problemas enfrentados dentro de campos, algumas escolhas do treinador são contestáveis, como Kleiton estar na frente de alguns nomes na hora das substituições para o setor de ataque. O jovem Ruan, que já demonstrou potencial quando o time estava na Série A, nem lista chegou a pegar em alguns jogos do Gauchão.
O ataque, que chegou a ser o mais positivo do Gauchão, secou. O time marcou 11 gols nas primeiras seis rodadas. Nas últimas cinco, apenas quatro gols assinalados. O treinador ainda não conseguiu o melhor encaixe com o centroavante Gilberto. Erick Farias tem sido a escolha para atuar pelo lado esquerdo. Rildo não teve muitas oportunidades e mostrou que pode disputar a posição.
4 - INDIVIDUALIDADES
O Juventude também apresenta uma queda de rendimento individual. Nenhum jogador escapa. Até o jovem goleiro Lucas Wingert foi vítima da instabilidade da equipe. Após fazer boas partidas no começo do Estadual e ser um nome importante no jogo contra o Ypiranga, o goleiro começou a ser questionado pelo torcedor e a insegurança foi vista em algumas jogadas, como na saída de bola do gol sofrido na derrota para o Brasil de Pelotas.
No sistema defensivo, a dupla de zaga Danilo Boza e Zé Marcos ainda não conseguiu repetir as boas atuações da Série B do Brasileiro, quando o time conquistou o acesso. Nem mesmo Alan Ruschel é o mesmo.
No meio-campo, Jadson já foi testado com Caíque e Oyama, mas ainda não houve um encaixe entre marcação e construção das jogadas. O meia Jean Carlos já foi mais decisivo nas assistências, principalmente nas jogadas aéreas. No ataque, a queda mais forte é de Lucas Barbosa. Artilheiro do time, o atleta sucumbiu na reta final e perdeu até a titularidade.
5 - CARÊNCIAS NO ELENCO
O elenco do Juventude também apresenta carências técnicas neste começo de temporada. Um grande exemplo está nas laterais. João Lucas oscilou na direita e Alan Ruschel está longe de apresentar boas atuações, como em 2023. Porém, seus substitutos imediatos já demonstraram não estarem no nível superior, principalmente na esquerda com Jefferson. Ewerthon nem atuou ainda na temporada.
Na zaga, ainda se pode questionar a falta de um defensor mais cascudo, com experiência. No meio-campo também faltam opções para o setor de criação. Nenê está voltando de uma longa parada, mas o time ficou dependente de Jean Carlos. Com saída de Matheus Vargas, a equipe necessita de uma reposição. No setor de ataque, há dúvidas sobre a capacidade técnica de alguns atletas em uma Série A de Brasileiro, como Kleiton, Edson Carioca, Erick Farias e Popó.