Um ex-jogador e técnico do Juventude foi alçado ao maior posto que um treinador brasileiro pode alcançar. Dorival Júnior deixou o São Paulo para assumir a Seleção Brasileira. Como atleta, ele fez parte do time campeão da Série B de 1994, quando ainda era chamado somente por Júnior. E em 2005 teve também uma rápida passagem como treinador no Estádio Alfredo Jaconi.
Massagista do Verdão desde 1990, Edson de Camargo, o Massa, relembra momentos marcantes da passagem de Dorival em Caxias do Sul.
— Ele sempre foi um cara bacana. Uma pessoa maravilhosa. Lembro que aonde ele estava, o Odair e o Galeano, que eram os mais próximos, o Paulo César que era o lateral-direito, todos vieram do Palmeiras e estavam sempre juntos. Ele estava sempre sorrindo alegre e, uma coisa que eu notava, depois das palestras que o treinador dava, depois do lanche ou da janta, o Júnior sempre dava a visão dele sobre o jogo. Ali eu sempre soube que ele seria técnico de futebol da Seleção um dia pela postura, porque ele se manifestava sobre jogadas, como cada um tinha que se posicionar — recordou o massagista.
Júnior chegou do Grêmio para o Juventude, em fevereiro de 1994, aos 32 anos. Era o mais velho do elenco alviverde naquela temporada. Volante com ótima capacidade técnica, ele formou uma dupla com Galeano na conquista da Série B de 1994.
— Outra coisa que me marcou muito também é que toda semana tinha festa ou aniversário de um filho ou familiar e a presença de todos era obrigatória. Eles passavam com um convite feito com capricho e diziam pra quem tivesse carro levar quem estivesse sem carona. Era quase que obrigatório você fazer parte. O Juventude nessa época era uma família sensacional — lembrou Massa, que ainda completou:
— Não sei hoje, mas outra coisa que me marcava é que chegávamos às 18h30min na concentração no hotel, jantavam às 19h e ficavam ali até a hora do lanche das 22h. Eu não sei como eles tinham tanta resenha. O Júnior, o Odair, o Galeano e o Isoton resenhavam sempre. Conversavam de tudo, sobre família, negócio, aplicação de renda. Tu saías dali sempre aprendendo algo novo.
Goleiro do título da Série B pelo Verdão em 1994 e colega de equipe de Dorival, Marcelo Conte Isoton, comemora o acerto do técnico com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF)
— Ele sempre foi um cara que, além da qualidade dentro de campo, primou pelo grupo. Vendo uma entrevista do presidente da CBF (Ednaldo Rodrigues) falando o porquê da escolha pelo Dorival, lógico além das conquistas e dos títulos, um item que ele citou foi a capacidade que o Júnior tem de gerir grupo. Isso me voltou à memória de 1994, com ele sempre preocupado com a gente, com o bem estar e o melhor para que o grupo pudesse desempenhar o futebol — afirmou o ex-atleta do Ju.
Conceito social
O que muitos não sabem é que Dorival Júnior tinha preocupações fora das quatro linhas. O técnico foi responsável, segundo o massagista, pela implementação de cestas básicas aos funcionários.
— Praticamente quem implantou a ajuda com cesta básica aos funcionários, e depois se estendeu a algumas entidades, foi ele, Júnior, o Odair Patriarca, com outros atletas. Cada jogo que ganhavam, tiravam uma porcentagem da premiação, de 5% talvez, juntavam esse dinheiro e compravam cestas básicas para os funcionários. Essa ajuda cresceu e expandiram para asilos e casas de assistência social para crianças da região. O Júnior sempre teve esse bom coração, essa intenção de ajudar o próximo, por tudo isso hoje ele é o técnico da Seleção Brasileira — revelou Massa.
Passagem pelo Alfredo Jaconi
:: Júnior chegou do Grêmio para o Juventude, em fevereiro de 1994, aos 32 anos.
:: Na campanha do título da Série B de 1994, o Juventude teve 20 jogos, 11 vitórias, cinco empates e quatro derrotas, com 36 gols marcados e 23 gols sofridos.
:: A maior goleada foi sobre o Tiradentes-DF, por 5 a 1, no dia 30 de agosto de 1994, no Estádio Alfredo Jaconi. Júnior marcou um dos gols, junto com Paulo Roberto e Mário Maguila (três vezes).
:: Em 4 de dezembro de 1994, o Ju venceu o Goiás por 2 a 1. Os gols alviverdes foram de Paulo Sérgio e Galeano. Dorival Júnior estava na escalação no jogo do título: Isoton; Odair, Sandro Blum, Paulo Marcelo e Paulo Sérgio; Galeano, Júnior, Lauro; Julinho (Édson), Mauricinho (Veneza) e Mário.
:: Em 1995, Dorival encerrou a carreira como atleta. Alguns anos depois, tornou-se treinador e comandou o Juventude em 2005, na Série A. No entanto, em quatro jogos, foram três derrotas e somente uma vitória. E a passagem pelo Alfredo Jaconi terminou em 20 dias.