Acabou a Era Thiago Carpini no Alfredo Jaconi. Anunciado em 13 de maio para substituir Pintado, o jovem treinador, que havia conduzido o modesto Água Santa ao vice do Paulistão, iniciou uma trajetória vitoriosa no Juventude. Ao todo foram 243 dias no comando técnico do time alviverde.
Foram 32 partidas na Segunda Divisão, com 17 vitórias, 11 empates e apenas quatro derrotas. Um aproveitamento de 64,5%. E após estes números, o Verdão conquistou a tão sonhada volta à elite do futebol brasileiro.
Nesta quinta-feira (11), o técnico decidiu aceitar uma proposta do São Paulo e será o comandante da equipe em 2024.
Confira abaixo os momentos marcantes no Juventude que elencaram Thiago Carpini como um dos técnicos mais desejados no mercado brasileiro.
1. Chegada com cinco vitórias seguidas
Carpini assumiu a equipe alviverde na sétima rodada da Série B 2023. O Ju estava na vice-lanterna com apenas três pontos. A campanha ruim com cinco jogos e quatro derrotas derrubou o técnico Pintado, responsável pelo acesso à Série A de 2021. Contra o Mirassol, o auxiliar Adaílton Bolzan comandou o time. E nova derrota: 1 a 0, em pleno Alfredo Jaconi.
Ao final da partida, naquela tarde de sábado, 13 de maio, a direção alviverde anunciou o ex-técnico do Água Santa. Carpini estreou fora de casa, num domingo pela manhã, diante da Chapecoense, em Santa Catarina. E a vitória de 2 a 0 foi a primeira de uma série de cinco triunfos conquistados na sequência.
O Ju ainda derrotaria o Atlético-GO (3 a 0) e o Avaí (3 a 2) em Caxias do Sul, além de CRB (2 a 1) e Criciúma ( 1 a 0), fora de casa. Diante do Tigre, o Verdão suportou uma pressão de mais de 18 mil torcedores no Heriberto Hülse, em uma das vitórias mais emblemáticas desta campanha. O time pulou para o oitavo lugar, com 18 pontos.
2. Apostas em jogadores escanteados
Na chegada, Thiago Carpini se deparou com um grupo que não foi formado por ele. Por isso, o trabalho inicial, tão importante como a tática da equipe em campo, foi o poder de persuasão com os atletas que estavam deixados de lado pela antiga comissão técnica.
E dentre as várias apostas utilizadas pelo treinador em sua passagem pelo clube, pelo menos duas delas chamaram mais a atenção: Alan Ruschel e Vini Paulista.
O lateral-esquerdo fazia trabalhos em separado. Além de voltar ao elenco, Ruschel foi titular absoluto desde a estreia de Carpini e, na ausência de Nenê nas quatro rodadas finais da competição, se transformou no capitão do acesso.
Já o volante foi descoberto nesta nova função por Carpini. Na equipe sub-23 do Grêmio, Vini Paulista era um atacante de beirada. Convencido de que poderia exercer esta função, se transformou no maior ladrões de bola da equipe, dando intensidade ao meio de campo alviverde.
3. Melhor campanha como visitante
Aos poucos, Carpini foi moldando uma nova perspectiva para o clube, que não parava de somar pontos na Série B. E se atuar fora de casa para muitos era um empecilho, para o Juventude de Carpini era a coroação de um grande trabalho. Nem mesmo o campeão Vitória teve melhor desempenho longe de seus domínios. O Ju terminou a competição como o melhor visitante da Série B 2023 com 32 pontos, cinco a mais do que os baianos.
Em 19 jogos, foram nove vitórias, cinco empates e cinco derrotas. E três destes resultados negativos aconteceram quando a equipe ainda era treinada por Pintado. Com Carpini, o Ju perdeu apenas para Sport e Atlético-GO fora de casa.
4. Dificuldades contra equipes da parte de baixo da tabela
O Juventude só não conquistou o acesso antecipadamente porque o calcanhar de aquiles da equipe, durante muito tempo, incrivelmente foram alguns jogos diante de adversários da parte de baixo da tabela.
Foram pelo menos oito tropeços: dois empates para o ABC, três empates de 0 a 0 para Sampaio Corrêa, Chapecoense e Ponte Preta, e um 2 a 2 contra o Londrina, ambos no Alfredo Jaconi; além de um empate e uma derrota por 2 a 1 para o Tombense, esta em Caxias do Sul.
Como mandante, a equipe alviverde teve apenas a 10ª melhor campanha, com 33 pontos em 19 jogos. No total, nove vitórias, seis empates e quatro derrotas (um vitória e duas derrotas aconteceram antes da chegada de Carpini).
5. Conquista do acesso
Quis o destino que mais uma vez Ceará e Juventude se reencontrassem na reta final de uma competição nacional. Em 2022, as duas equipes se cruzaram na 38ª rodada do Brasileirão, já rebaixadas. Desta vez, apenas o Ceará não tinha o que fazer na competição. O Juventude precisava da vitória, no Estádio Presidente Vargas, para conquistar a vaga.
Na capital cearense, o Verdão já havia deixado uma marca importante, em 2016, com o acesso à Série B diante do Fortaleza. E com gols de Erick, Jadson e Ruan, o Ju derrotou o Ceará por 3 a 1 e voltou a dar alegrias para a torcida.
O Ju de Thiago Carpini terminou a Série B em segundo, após o treinador ter assumido o comando na vice-lanterna. Além de ser o melhor visitante, a equipe ainda teve a terceira melhor defesa da competição. Com destaque para Danilo Boza. O zagueiro atuou em todos os 38 jogos da competição nacional.
Thiago Couto se firmou no gol. Zé Marcos formou uma boa dupla com Boza. Reginaldo e Jean Irmer também se figuraram em peças importantes. Gabriel Taliari foi o destaque no ataque na reta final. O jogador foi uma aposta do técnico que já observava o ex-atleta do CSA há alguns anos.
Carpini ainda soube explorar as virtude do meia Nenê. Aos 42 anos, o camisa 10 foi decisivo com sete gols e sete assistências nas 28 partidas em que esteve em campo.
Com o grupo na mão e a conquista da vaga à Série A de 2024 carimbada, Thiago Carpini deixa o Juventude coroando o melhor ano de sua curta carreira como técnico.