Do pai Marcos e do avô José nasceu a escolha do nome que viria a ser, em 2023, um dos bons valores do Juventude na Série B: Zé Marcos. Aos 25 anos, o atleta falou de sua carreira e da expectativa em conquistar o acesso à Série A pelo clube alviverde durante entrevista ao Show dos Esportes, da Rádio Gaúcha Serra. Natural de Americana, no interior de São Paulo, o zagueiro respira futebol desde a infância.
— Tenho familiares que sempre gostaram muito de futebol. Meu pai contava umas histórias de que meu avô fazia preliminares nos jogos do Pelé no Santos. Times menores faziam o jogo inicial antes das partidas da Série A, no interior de São Paulo. Meu pai dizia que o vô jogava bem. Vendia o peixe dele, na verdade (risos). Depois, meu pai se profissionalizou como jogador no União Barbarense-SP. E assim, em torno do futebol, fui crescendo e participei de minha primeira competição aos seis anos de idade. Com 12 fui para o Athletico-PR e as coisas andaram — revelou o camisa 3.
No começo, foram os piores dias da minha vida porque eu ligava pro meu pai e falava que ia ficar longe do gol, mas hoje, mais maduro e com clareza, vejo que foi a melhor decisão da minha vida
ZÉ MARCOS
Jogador fala da mudança de posição aos 15 anos
No começo da carreira, Zé quis seguir os passos do pai e do avô e atuava como meia-esquerda na base do Furacão. Até que um fato mudaria para sempre a trajetória do jogador.
— Lembro que tive uma convocação pra Seleção Brasileira de base, como segundo volante. Em um dos jogos preparatórios para o Sul-Americano Sub-15, o zagueiro canhoto machucou. E aí o treinador, o Emerson Ávila, me colocou como zagueiro e fui muito bem. E, a partir disso, a comissão da Seleção avisou o técnico Matheus Costa, do Furacão, que passou a me treinar como zagueiro. No começo, foram os piores dias da minha vida porque eu ligava pro meu pai e falava que ia ficar longe do gol. Mas hoje, mais maduro e com clareza, vejo que foi a melhor decisão da minha vida — apontou o jogador.
Sonhos distantes e escolha pelo Juventude
Com 18 anos, Zé saiu do Furacão para se aventurar no futebol da Sérvia. Mas a realidade encontrada no Estrela Vermelha era bem diferente do que o planejado pelo jovem atleta
— Acredito que fui muito jovem pra lá e, com seis meses, fui emprestado pra uma equipe menor. Voltei pra segunda temporada, mas as oportunidades não aconteceram. Eles estavam bem encaixados, disputando a Champions Legue, e não sobrou espaço pra mim. Decidi voltar pro Brasil pra jogar a Série A no Avaí. Queria vaga na Seleção Olímpica. Voltei pra tentar beliscar algo que não aconteceu — destacou.
Mas não foi só dentro de campo que o zagueiro não se entrosou. Alguns costumes ele não leva em prática até hoje. Nem ofereça uma sopa a ele:
— Lá eles têm costume, faça calor ou frio, de tomar sopa. E eu sou bem sincero: não gosto de sopa. Até esses dias fiz uma enquete no meu Instagram perguntando se sopa é janta, porque minha esposa fez em casa (risos). E eu não acho que seja janta. Mas eu tomava sopa na Sérvia porque eu ficava com vergonha. Era o único estrangeiro e arranhava ainda no idioma. Me falaram aqui que tem a sopa de agnoline, mas não conheço, vou ter que provar pra ver se mudo de opinião (risos).
Zé Marcos chegou ao Juventude em 2023 graças a um sentimento que ele tinha desde que enfrentou o Verdão, em um amistoso, no ano passado.
— Durante a pré-temporada, o Juventude nos venceu por 2 a 1. Durante a viagem, comentando com um amigo eu falei: “Pô, que lugar legal pra trabalhar! Aparentemente organizado.” E passou um ano e tive a proposta do Juventude. Quando ela chegou, eu disse que iria colocar um propósito na minha vida. E até comentei, quando saí do Criciúma, que era uma decisão muito difícil porque eu já estava adaptado lá, tinha feito uma boa temporada. Mas naquele momento, coloquei minhas metas, falei pra minha esposa e familiares que queria trabalhar aqui e aconteceu.
Mas no começo da temporada, o zagueiro sofreu uma lesão muscular e, por apressar sua volta, teve outra lesão que o tirou da disputa do Gauchão e Copa do Brasil.
— Eu até forcei em voltar um pouco antes do tempo e por isso que acabou agravando. Em relação à preparação física, muitas vezes fui eu quem enchia o saco deles pra voltar logo. Eles pediam pra ter calma, mas eu queria jogar.
Destaque na Série B
Penso grande com o Juventude. Até por isso tenho um contrato de dois anos. Minha família (esposa e duas filhas) estão adaptadas.
Recuperado, Zé Marcos conquistou seu espaço na Série B e atuou em 19 partidas na competição. Por opção tática, o técnico Thiago Carpini optou por deixá-lo no banco diante do Atlético-GO, mas o jogador estará de volta nos 11 inicias que enfrentam o CRB neste sábado (16). E o desafio é voltar a vencer dentro de casa. Algo que não acontece há três rodadas da competição nacional.
— Eu comentei esses dias que eu acho que é por detalhe, pois a gente tem chances de gol, o adversário vem aqui no Jaconi simplesmente para colocar um ônibus na frente do gol e tentar segurar o o o resultado de 0 a 0. E infelizmente alguns tem conseguido. Mas eu acredito que é o detalhe do gol e, talvez, um pouquinho de calma para a gente pôr essa bola mais vezes para dentro das redes.
E com 44 pontos, o Ju pode voltar ao G-4 e manter vivo o sonho do acesso. Algo que passa na mente de Zé Marcos:
— Penso grande com o Juventude. Até por isso tenho um contrato de dois anos. Minha família (esposa e duas filhas) estão adaptadas. Minha esposa é curitibana, de frio a gente entende. E seria maravilhoso a gente conquistar o acesso e jogar a Série A do ano que vem aqui.