A palavra que resume o momento do Caxias neste mata-mata da Série D do Brasileiro é confiança. Acreditar plenamente é algo que o torcedor busca quando o assunto é o acesso à Série C. Dentro de campo, o time ganhou uma dose extra desse combustível com a atuação no jogo de ida contra a Inter de Limeira. Em São Paulo, vitória grená por 1 a 0, com golaço de Peninha. O time tem a vantagem do empate para chegar às oitavas da competição. Mas não quer se apegar apenas nisso.
No futebol, a confiança em uma fase eliminatória pode fazer toda a diferença. No domingo, às 15h, o Caxias volta a campo contra a equipe paulista, no Estádio Centenário, com apoio de mais de 5 mil torcedores. Após um período de muita desconfiança, o cenário mudou e o técnico Gerson Gusmão espera uma nova atmosfera na casa grená.
— A palavra fundamental no futebol é confiança. Os atletas estão chegando no momento decisivo com mais confiança. É uma atmosfera toda. Então, por isso a gente pede para o torcedor apoiar. É muito importante eles carregarem a equipe, apoiarem durante o jogo todo. Tenho certeza que vamos fazer um jogo ainda melhor do que na primeira partida — projetou o treinador.
Um personagem é símbolo desta confiança adquirida para alcançar o acesso. O goleiro Fabian Volpi assumiu a camisa 1 do time. Na sua estreia diante do Aimoré, o arqueiro falhou no primeiro chute do adversário. Contudo, o jogador foi decisivo da partida em Limeira.
— Acho que o Fabian vem crescendo, chegou no meio da competição, com muita instabilidade, com a equipe oscilando, e não é fácil. Ele chegou, vestiu a camisa. Precisa de uma sequência gradativa, ele teve isso. Fez um grande jogo na última partida e outros atletas estão crescendo no momento decisivo. Isso que precisamos — afirmou Gusmão.
A PALAVRA É...
Volpi chegou em um momento conturbado do Caxias. Depois de Bruno Ferreira, nenhum goleiro se firmou como titular. Pedro Paulo e André Lucas foram utilizados, mas oscilaram na primeira fase. Após quatro jogos, Volpi avalia o que foi determinante para fazer uma atuação segura fora de casa.
— A palavra é confiança. Eu cheguei, fui entendendo as coisas e como nosso time jogava. Nesses quatro jogos, veio a confiança. Não conhecia muito o elenco, só o Fernando que eu tinha jogado junto. Então, foi para conhecer as características do nosso time. O último jogo foi um resultado da confiança e segurança.
Natural de Santa Catarina, o goleiro do Caxias conhece bem o futebol gaúcho. Na temporada passada, Volpi fez mais de 30 jogos pelo Aimoré. Sabedor dos últimos insucessos da equipe para subir de divisão, ele prefere tratar o acesso como motivação, e não pressão.
— Acho que cada etapa é uma etapa. Cada ano é um ano. Temos que lidar sabendo da responsabilidade, e pelo que o Caxias oferece, o clube merece esse acesso. Levar como pressão não. Temos que levar como motivação. Precisamos fazer esse acesso pelas condições do clube e pelo nome — explicou.
FAMÍLIA DE GOLEIROS
Aos 25 anos, Volpi chegou ao Caxias após deixar o Amazonas-AM, líder da Série C. O arqueiro vem de uma família de goleiros. Seu pai Alfonso foi camisa 1 do futebol amador e o irmão também é goleiro, Neto Volpi, que atua no Tolima, da Colômbia. Na família ainda tem o primo, Tiago Volpi, ex-São Paulo e que joga no México.
— Meu pai não foi goleiro profissional, porque meu avô não queria. Na época, o Joinville foi buscar meu pai na porta de casa para ser goleiro. Foram falar com meu vô, mas meu avô pegou a espingarda e correu os caras — contou Volpi.
Apesar da distância, o goleiro do Caxias sempre mantém contato com o seu irmão. Com o primo, a comunicação não é rotineira. Em entrevista ao programa Show dos Esportes, da Rádio Gaúcha Serra, o jogador revelou que não queria ser camisa 1.
Levar como pressão não. Temos levar como motivação o acesso.
FABIAN VOLPI
Goleiro do Caxias
— Eu não quis começar como goleiro (risos). Do jeito que eu via os caras sofrendo, eu não queria. Comecei como zagueiro nas escolinhas. Estava indo bem. Fiz uma avaliação no Figueirense na época e passei como zagueiro. Só que meu pai falava muito que era goleiro e meu irmão jogava principal do Figueirense. Ele me falava que se eu virasse goleiro, ele me mandaria luva e chuteira. Então, resolvi virar goleiro — detalhou Volpi, que tem um filho, mas já decidiu que ele não será goleiro:
— Vamos ver (se vai virar jogador), mas não vai ser goleiro. Ele vai fazer três anos. Quando a gente brinca, eu não deixo ele pegar com a mão (risos).