Neste domingo (9), o ginásio do Colégio São João Batista, de Caxias do Sul, virou também um ponto de troca de figurinhas. Mas os alunos não estavam procurando pelos cromos do Neymar, do Messi ou do Cristiano Ronaldo, jogadores da Copa do Mundo. Os craques que estavam sendo procurados eram o Gustavo, o Léo Santos, a Maria Eduarda... alguns dos 109 estudantes que viraram figurinhas a partir de uma atividade extracurricular de futsal da escola envolvendo as turmas do pré 2 até o 5º ano.
Para o álbum do São João Batista, os alunos foram divididos em 12 seleções (três grupos, com quatro equipes em cada). Neste domingo, durante a terceira rodada do "mundialito", os alunos receberam o álbum de figurinhas. A disputa dentro da quadra foi grande, mas, dessa vez, a maior ansiedade foi pelos cromos. Logo após a derrota da sua França, Valentina Isis, nove anos, levou os pais Ademir e Paula Pizzoloto até uma mesa para começar a preencher o seu álbum.
— Ainda não dei sorte de me achar. Gosto de jogar pela França porque vejo desenhos de lá, a Ladybug. Gosto da Torre Eiffel e gostaria de viajar para lá — comentou a estudante, enquanto colava as primeiras figurinhas.
— O futsal é saudável, um esporte que ela gosta. Quando falaram em ter as próprias figurinhas, eles ficaram muito empolgados. Estavam ansiosos para a chegada do álbum e das figurinhas. Os pais que lutem para comprar os pacotinhos — diverte-se a mãe Paula.
Enquanto os pais assistiam a partida do irmão João Victor, seis, a "francesa" Maria Eduarda Mazzochi preferiu ficar com a avó abrindo os seus pacotes. E comemorava ter encontrado quatro figurinhas suas:
— Gostei de jogar pela França, mas eu queria Portugal. O João (irmão) foi para Portugal, e daí escolhi a França. É divertido, mas não quero ser jogadora. Os meninos são melhores que a gente. Perdemos todos os jogos.
Além da socialização entre os estudantes, que trocavam figurinhas por todo o ginásio, o "mundialito" também atraiu os pais e familiares para a escola. Nas arquibancadas, eles se dividiam entre vibrar com cada lance e ajudar com os álbuns. Era o caso do administrador Andre dos Santos, pai do Leonardo, sete anos, eleito craque da partida entre Inglaterra e Portugal.
— É um incentivo grande para piazada. Nós ficamos felizes de vir, fazer amizades com outros pais, trocar conhecimentos, e também ver o crescimento das crianças para serem grandes pessoas pelo esporte. Tem a frustração, afinal todos meninos querem ser do Brasil, mas agora o Leonardo está feliz por ter defendido a Inglaterra e por ter conseguido encontrar a sua figurinha — conta Santos.
A escolinha de futsal do São João Batista encomendou 12 mil figurinhas. Elas são vendidas e o pacote, com quatro cada, custa R$ 3. Para completar o álbum, são 142 figurinhas dos atletas, professores e escudos das Seleções. O dinheiro arrecadado será utilizado para a compra de materiais dos treinamentos.
— Encomendamos 3 mil pacotinhos e hoje já foram vendidos quase 2 mil. Acho que precisaremos fazer mais, pois a ideia é continuar vendendo até dezembro, quando teremos as finais. A garotada gostou bastante da ideia da Copa e do álbum — comemora Renan Buttelli, 28, coordenador da escolinha.
Copa fazem atletas "virar casaca"
O espírito da competição na escolinha de futsal incentiva os sonhos da molecada. A dupla de ataque da Holanda, Murilo Gallas Gularte e Gustavo Pinto, ambos de sete anos, já dá entrevista como jogador:
— Estamos jogando bem, ganhamos três jogos, contra a Suíça, Inglaterra e Portugal. Queremos ganhar o próximo para ir para a semifinal e depois ser campeões. Gosto de jogar pela Holanda — disse Murilo.
— Queremos ganhar todos jogos. Fiz nove gols em dois jogos. No primeiro fiz os dois gols da virada e fui o craque da partida. No segundo não fui, mas eu deveria ter sido. Foi o Dudu, mas eu fiz mais gols do que ele. O próximo jogo é contra o Brasil e pretendo fazer cinco gols — promete o camisa 10 Gustavo.