Em 29 de julho de 2018, o time feminino do Brasil de Farroupilha fez seu primeiro jogo. À época, pela rodada de abertura do Gauchão Feminino, no Sesc Protásio Alves, em Porto Alegre, diante do Inter, perdeu por 6 a 0. De lá para cá, quatro temporadas se passaram, muitas atletas atuaram pelo clube, jogos foram realizados, vitórias conquistadas e, durante todo esse período, uma atleta seguiu vestindo a camisa rubro-verde: a goleira Gil, de 41 anos.
No Brasil-Far desde a abertura do departamento, ela viveu todas as fases. Das goleadas sofridas ao bicampeonato do Interior no Gauchão, passando pelas disputas do Brasileirão A-2. Aliás, foi ela uma das responsáveis por montar o projeto que fez o futebol feminino do rubro-verde sair do papel.
— Eu jogava salão com as meninas aqui de Farroupilha, a gente joga uma Taça Farroupilha há muitos anos, e surgiu a ideia de jogar campo e disputar o Gauchão. Só que não tínhamos clube, não tínhamos nada. Então, a Marluci (ex-zagueira do clube) era muito amiga do Gabriel (Marchet, diretor de administração) e ela trocou uma ideia com ele sobre ceder o nome (do time) e o campo. Ele pediu para desenvolvermos um projeto. E aí, desenvolvemos, apresentamos e eles aceitaram. Foi aí que participamos em 2018 do primeiro Gauchão — complementa Gil, falando sobre aquele Estadual:
— Em 2018, a gente tinha uma equipe muito amadora. As meninas não tinham muita noção de campo. A gente treinava só no domingo de manhã. E entramos como franco atirador no Gauchão. Tomamos muita porrada, mas fizemos um bom campeonato e terminamos em quarto naquela edição. Fomos na superação — relembra.
Fomos na superação
GIL, GOLEIRA DO BRASIL-FAR
sobre a primeira participação no Gauchão Feminino, em 2018
De 2018 até 2022, o Brasil-Far firmou se no futebol feminino gaúcho. Conquistou o título do Interior em 2019 e 2020 e, por consequência, pôde disputar o Brasileirão Feminino A-2 em duas oportunidades. Isso fez com que o apoio e, consequentemente, os investimentos aumentassem.
— Em 2019, entramos um pouco mais entrosadas e conseguimos a vaga para o Brasileiro A-2 de 2020, tudo mudou. A evolução foi grande, o clube começou a abraçar a causa, porque viu que a comunidade se interessou. O nome do Brasil de Farroupilha foi para o Campeonato Brasileiro. Foi aí que tomou uma proporção maior.
Nova temporada, novo elenco, mesmo objetivo
Depois de duas temporadas em que ficou no banco de reservas, Gil reassumiu a camisa 1 neste Gauchão. No entanto, a decisão de seguir disputando o Estadual não foi fácil. Por problemas de saúde, a goleira pensou bastante antes de voltar a campo. Agora, usa sua experiência para auxiliar as jovens atletas contratadas pelo Brasil-Far.
— Eu não iria mais jogar este ano. Tenho outros projetos e outros problemas de saúde que foram meio difíceis. Estou treinando conforme eu consigo. Mas, assim, a gente reestruturou o time, a nossa média de idade é 17/18 anos. O nosso treinador trouxe uma base pronta toda do salão, e fomos adaptando algumas peças que já tínhamos do campo. Então, é treino, adaptação ao campo, mudança de tática. Tudo é adaptação, só que temos pouco tempo —explica.
Após uma estreia com tropeço para o Oriente, por 1 a 0, em Canoas, o Brasil-Far vai em busca da primeira vitória no Gauchão Feminino. O jogo será contra o Vidal Pro, neste domingo (14), às 11h, no Sesc Protásio Alves, em Porto Alegre. A entrada para os torcedores é liberada.
— A gente tem de entrar com os pés no chão, fazer um bom jogo. Temos de usar essa partida para nos entrosarmos, para tentarmos entender o jogo. A gente espera fazer uma ótima partida, porque o campo é muito bom, e isso motiva também. Temos de entrar concentradas, sem afobação.
Ao final das seis rodadas iniciais, a meta é a mesma das últimas temporadas: conquistar a classificação e buscar o título do Interior. Isso, consequentemente, fará com que o time volte a figurar no cenário nacional em 2023.
Temos de cativar o sonho delas que é jogar, esse amor e esse respeito pela camisa do clube
GIL, GOLEIRA DO BRASIL-FAR
sobre estratégia para retomar a hegemonia entre os times do interior
— Somos bicampeãs (do Interior). Então, com certeza temos uma história e uma tradição. Vindo de um time todo remodelado, com uma base bem jovem, que não é do campo, é bem difícil — complementa Gil, falando o que precisa ser feito para alcançar o objetivo:
— Fazer as meninas entenderem o que é o futebol de campo, deixar o time redondo, já temos peças muito boas e temos de criar a expectativa nessas meninas. Qual é o maior objetivo para conseguirmos chegar na final do título do Interior? Temos de cativar o sonho delas que é jogar, esse amor e esse respeito pela camisa do clube. Entender o esforço que o Brasil-Far faz. Deixar seu nome marcado no clube. Bastante humildade e dedicação.
Números de Gil pelo Brasil-Far:
- 22 jogos
- bicampeã do interior
- sexta atleta com mais jogos pelo Brasil-Far